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Economista explica qual postura Bolsonaro deve ter com aproximação entre China e Nordeste

© REUTERS / Adriano MachadoPresidente do Brasil, Jair Bolsonaro, usa celular durante marcha evangélica, Brasília, 10 de agosto de 2019
Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, usa celular durante marcha evangélica, Brasília, 10 de agosto de 2019 - Sputnik Brasil
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A despeito de Trump e Bolsonaro, os governos da região nordeste têm ampliado parceria com empresas chinesas. Para analisar o assunto, a Sputnik Brasil ouviu um economista do Insper.

O Mandarim está em voga no Nordeste. Entre as empresas que se aproximam dos estados da região, cresce o interesse das chinesas Hikvision, a ZTE, a Dahua, e também a Huawei - todas alvos de embargos dos Estados Unidos, que as consideram ameaças à segurança nacional.

Para o presidente dos EUA, Donald Trump, a China é uma ameaça comercial e estratégica. A instalação de redes 5G - tecnologia dominada pela Huawei - tem sido tratada pelos EUA de forma hostil nos países membros da OTAN.

No caso do Brasil, o vice-secretário assistente de Estado dos EUA para comunicações internacionais e cibernéticas, Robert Strayer, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que Washington poderia repensar o compartilhamento de informações com o governo brasileiro caso as redes 5G chinesas sejam utilizadas. O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, classificou a afirmação do norte-americano como "ridícula".

A questão ainda tem contornos políticos, tendo em vista que o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PSL), tem relações tensas com os estados nordestinos, única região em que foi derrotado nas eleições presidenciais de 2018. Durante a campanha Bolsonaro também adotou críticas à China e uma vez no Planalto, criou uma diplomacia crítica ao papel do país asiático e alinhada aos interesses de Washington.

© AP Photo / Kin CheungUm logotipo da Huawei é exibido em uma loja de eletrônicos em Hong Kong.
Economista explica qual postura Bolsonaro deve ter com aproximação entre China e Nordeste - Sputnik Brasil
Um logotipo da Huawei é exibido em uma loja de eletrônicos em Hong Kong.

Para Ricardo Rocha, economista e professor de Finanças do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), a posição brasileira no assunto deve ser ponderada, visando os interesses comerciais do país e fugindo de conflitos políticos ou diplomáticos.

"Nós temos que saber dentro das nossas relações comerciais, saber tratar com esses dois gigantes tentando atender os dois. Acho que o Brasil precisa ficar neutro em eventual disputa comercial dentro de alguns tratados, sem precisar tomar posição", diz Ricardo Rocha em entrevista à Sputnik Brasil.

A posição neutra recomendada pelo economista deve ser também observada em possíveis impasses de olho em ganhos econômicos para o país.

"Quando ele [o Brasil] tiver que tomar uma posição tem que fazer um jogo para ver onde é que ganha mais", recomenda.

Rocha aponta, porém, que qualquer desenvolvimento tecnológico hoje passa necessariamente pelo país asiático, que tem se tornado produtor e exportador de tecnologia de ponta.

"A China precisa hoje exportar capital e produzir fora da China para poder continuar mantendo um crescimento acelerado", afirma

O professor do Insper afirma também que a parceria com a China não significa tomar partido ideológico, lembrando que inclusive os EUA mantêm uma sólida parceria comercial com a China, principal parceira comercial tanto de Washington como do Brasil.

"Lá nos anos 1970, nos anos de chumbo da política brasileira, o Brasil tinha alinhamentos comerciais com a União Soviética", lembra.

A China vai ao Nordeste

A presença chinesa na região pode avançar através do Consórcio Nordeste, grupo formado entre os governadores nordestinos no início de 2019.

O grupo pretender lançar o programa Nordeste Conectado, que interessa empresas chinesas que dispõem de tecnologia de infraestrutura necessárias para a execução do projeto. Um exemplo é o Piauí, que tem parceria com a ZTE para a instalação de 5 mil quilômetros de fibra óptica no estado.

Além da fibra óptica, o Consórcio Nordeste também quer usar tecnologia chinesa para monitoramento em segurança pública, o que pode incluir a Dahua e a Hikvision. A Dahua já tem equipamentos operando na Bahia e em Pernambuco, conforme publicou a Folha de São Paulo.

Para o economista Ricardo Rocha, o Nordeste precisa desse tipo de parceria em investimento, tendo em vista o desenvolvimento local e sua população.

"Nós temos uma população muito grande no Nordeste, e carente de investimentos. Eu acho que o Brasil tem que olhar aquilo que é mais adequado", afirma.

Rocha observa que essas parcerias e investimentos tem sido fruto de movimentações de empresários, apesar de serem bem recebidas pelos governos. O economista acredita que essa configuração demonstra avanços na dinâmica capitalista brasileira.

"Claro que sem o apoio do Estado não haverá avanço, mas são iniciativas privadas que estão buscando o capital chinês ou não para o investimento no Brasil", ressalta.

Para o economista, o investimento estrangeiro é fundamental para que o país possa construir uma boa infraestrutura.

"Temos que aumentar nosso volume de importação, principalmente de bens com características tecnológicas. É isso que vai diferenciar as nações, quem tiver tecnologicamente preparado para enxergar esse mundo novo que está chegando em uma velocidade assustadora", conclui.

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