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Como possível retorno de Kirchner na Argentina afetará relações com Brasil de Bolsonaro?

© AFP 2023 / HOAlberto Fernández e Cristina Fernández de Kirchner
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O aliado de Jair Bolsonaro, Mauricio Macri, sofreu grande derrota política na Argentina e chega enfraquecido para as eleições presidenciais. Como o retorno de Cristina Kirchner ao poder, mesmo na qualidade de vice, afetará as relações entre as duas maiores economias do Mercosul?

Depois de quatro anos de governo Macri, o kirchnerismo voltou à cena política neste domingo (11). Alberto Fernández e Cristina Kirchner, sua vice, comemoraram a vitória nas primárias argentinas e chegam como favoritos para as eleições presidenciais, cujo primeiro turno será realizado no dia 27 de outubro.

Alberto Fernández recebeu 47% dos votos no pleito, contra 32% de Mauricio Macri. Vale lembrar que nas primárias de 2015 a chapa de Mauricio Macri somou menos do que a de seu oponente Daniel Scioli. No entanto, Mauricio Macri venceu Daniel Scioli no segundo turno.

Para Eduardo Crespo, professor de Economia Internacional da UFRJ, a virada de Macri não deve se repetir este ano, pois a distância do líder é muito maior desta vez.

"Politicamente, o Macri está acabado, não chega nem ao segundo turno", disse Crespo, acrescentando que em um eventual segundo turno a maioria da oposição viraria as costas ao atual presidente.

Por outro lado, o professor destacou que o novo governo não será um governo de Kirchner.

"Não vai ser um governo kirchnerista... é um governo peronista, com apoio do aparelho peronista, sindicatos, governadores e prefeitos", explicou.

Ou seja, uma ampla frente política foi montada, pois o país vive uma emergência econômica com inflação anual chegando a quase 50%.

"Nos próximos meses o governo da Argentina será um governo de emergência. O governo vai receber um país com um Banco Central praticamente sem reservas, com vencimento de dívidas muito próximo e com saída de capitais. Vai precisar de um governo de emergência e de muito apoio", destacou o acadêmico.

Já o relacionamento com o Brasil deve piorar. Para Crespo, as recentes declarações de Jair Bolsonaro já antecipam um péssimo começo da relação com um possível novo governo. O presidente brasileiro, quando esteve na Argentina este ano, manifestou de forma aberta o seu apoio à reeleição de Mauricio Macri, inclusive prejudicando o próprio aliado, "pois a imagem de Bolsonaro não é boa na população [argentina]".

Por outro lado, o acadêmico não espera uma ruptura completa, pois "a indústria brasileira e a argentina sofreriam um golpe muito grande". Em termos ideológicos, entretanto, "será uma relação bastante tensa".

"O Bolsonaro é uma conjuntura no Brasil. Então a relação com o Brasil vai continuar e pode melhorar no futuro. Mas na atual conjuntura vai ter que lidar com o governo de Jair Bolsonaro. E ele alimenta o conflito. Ele não precisava ter interferido na política interna argentina que, por si só, já é complicada", ponderou o interlocutor da Sputnik Brasil.

De toda forma, em função da precária situação econômica argentina, a principal preocupação de Buenos Aires, independente do candidato vencedor, será a renegociação da dívida com o FMI, acrescentou o professor. Portanto os eventuais conflitos ideológicos, pelo menos no momento inicial, ficariam em segundo plano.

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