Portugal declara estado de 'crise energética' pela ameaça de greve de caminhoneiros

© Sputnik / Caroline RibeiroMotoristas fazem fila em postos de gasolina em Portugal com medo de possível greve de caminhoneiros
Motoristas fazem fila em postos de gasolina em Portugal com medo de possível greve de caminhoneiros - Sputnik Brasil
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O governo português decretou situação de crise energética por causa da ameaça de greve de caminhoneiros que transportam mercadorias e combustíveis. A paralisação está marcada para começar na próxima segunda-feira, dia 12, por tempo indeterminado.

A partir das 23:59 da noite do domingo (11) entra em ação um conjunto de medidas para tentar evitar prejuízos e garantir o funcionamento de diversos setores fundamentais para a dinâmica do país.

“É inequívoco que se houver greve vão haver perturbações no conjunto das atividades econômicas. Agora, a partir do momento em que é estabelecida uma rede de postos de abastecimento estratégica, nós temos absolutamente asseguradas as condições vitais para a segurança, saúde, transporte de passageiros, para o fornecimento d’água, para a recolha do lixo. Portanto quem chegar a Portugal na próxima segunda-feira vai encontrar as cidades normais do ponto de vista do seu funcionamento”, garantiu o ministro do Ambiente e da Transição Energética, Matos Fernandes, em resposta à Sputnik Brasil durante a coletiva de imprensa na qual foram anunciadas as medidas.

Foi estabelecida a Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA), formada por 374 postos: 54 vão ser exclusivos para viaturas da área da segurança e serviço público. Nos outros 320, para o público em geral, a venda vai ser limitada em até 15 litros de gasolina ou diesel por veículo. Nos postos que não integram a REPA, veículos de passeio vão poder abastecer até 25 litros e viaturas pesadas até 100 litros.

© Sputnik / Caroline RibeiroMatos Fernandes, ministro do Ambiente e da Transição Energética de Portugal, em coletiva de imprensa
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Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Transição Energética de Portugal, em coletiva de imprensa

O governo conta com o bom senso dos motoristas, mas vai haver fiscalização.

“No que diz respeito à REPA, nos postos exclusivos vai haver observação de perto e presença assídua de forças policiais para garantir que apenas os veículos prioritários abastecem. Também vai haver fiscalização nos demais”, afirmou o ministro Matos Fernandes.

O governo de Portugal estabeleceu que os grevistas devem manter 100% de atendimento para os postos da REPA, assim como para o fornecimento de combustíveis para unidades militares, serviços de proteção civil, segurança, socorro e aeroportos. Também foram estipulados serviços mínimos de 75% para postos que abastecem viaturas de transportes públicos e de 50% aos demais postos de combustíveis do país.

Os dois sindicatos que lideram o movimento recorreram à justiça para tentar impugnar as determinações de serviços mínimos a serem prestados, alegando que ferem o direito de greve, mas o Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa manteve a decisão.

De acordo com o ministro Matos Fernandes, 521 agentes de vários órgãos de segurança vem sendo treinados nos últimos dias para “carregar, descarregar e conduzir” os caminhões e garantir os serviços se os grevistas descumprirem as determinações.

Corrida aos postos

Na última segunda-feira, 5, o governo fez mais uma tentativa de mediar um acordo entre os dois sindicatos que mobilizam a paralisação e o sindicato que representa as empresas, mas não houve sucesso. Desde então, os postos já demonstram uma maior procura de quem quer evitar a falta de combustível.

“Na quarta passada meu marido ouviu sobre a greve e já fez o abastecimento completo. Ele foi primeiro a um posto que tem o combustível mais barato, mas tinha uma fila muito grande. Então ele foi a um posto mais distante, que ele já sabia que teria, por que o combustível é mais caro, então fez lá. E ele viu inclusive que o preço já estava 12 cêntimos mais caro do que o habitual”, conta à Sputnik Brasil a bióloga Josane Costa.

© Sputnik / Caroline RibeiroMotoristas aguardam em fila para abastecer em posto de gasolina em meio a possível greve de caminhoneiros
Portugal declara estado de 'crise energética' pela ameaça de greve de caminhoneiros - Sputnik Brasil
Motoristas aguardam em fila para abastecer em posto de gasolina em meio a possível greve de caminhoneiros

Esta é a segunda greve de caminhoneiros este ano em Portugal. Em abril, foram apenas três dias de paralisação dos transportadores de combustíveis, o suficiente para gerar transtornos. Agora, o governo se diz mais preparado para lidar com a falta de entendimento entre os sindicatos. Os motoristas reivindicam aumentos salariais, fim do exercício de funções extras, como carga e descarga, e readequação de horas para trabalho e descanso. O sindicato das empresas rebate as declarações dos caminhoneiros e classifica a convocatória para a greve como um ato de "chantagem e deslealdade" que rompe com negociações que vinham sendo feitas desde maio, após a primeira greve.

Neste sábado (10), os caminhoneiros vão se reunir em assembleia para decidir se avançam ou não com a greve a partir de segunda.

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