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Estaria Brasil ameaçado a se tornar militarmente dependente dos EUA?

© Marcos Corrêa/PR / http://fotospublicas.com/michel-temer-assistiu-na-esplanada-dos-ministerios-parada-civica-de-celebracao-feriado-da-independencia/Desfile militar em Brasília por ocasião das comemorações do Dia da Independência do Brasil
Desfile militar em Brasília por ocasião das comemorações do Dia da Independência do Brasil - Sputnik Brasil
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O Brasil acaba de se tornar um importante aliado dos EUA extra-OTAN, dando um novo passo em alinhamento ao poder norte-americano.

Autoridades brasileiras veem o novo status do país como uma boa oportunidade para fortalecer militarmente e aumentar seu peso na região e no resto do mundo, enquanto que para Donald Trump o movimento é algo que responde ao "interesse nacional" dos Estados Unidos, que está muito envolvido ultimamente no que acontece em seu "quintal".

Ambas as nações poderão avançar fortemente em assuntos militares, tanto no comércio de equipamentos e tecnologias como na celebração de exercícios conjuntos, entre outros assuntos relacionados.

Para o analista geopolítico Javier Colomo Ugarte, doutor em geografia e história, trata-se de um erro do Brasil, por estar aumentando "dependência militar de quem pode ser o único agressor externo". Ele disse à Sputnik Mundo que "os Estados Unidos têm um grande número de intervenções militares diretas em diferentes países da América Latina", além de apoiarem "golpes militares".

'Não há nenhuma garantia'

Para o professor, o excelente diálogo bilateral entre Washington e Brasília não constitui nenhuma garantia para o gigante sul-americano. Ele citou casos como o do ditador Manuel Noriega, cuja servidão para com os EUA não pôde impedir sua derrubada e prisão pelo Estado norte-americano.

Javier Colomo Ugarte advertiu que a América Latina nem ao menos pode confiar no armamento norte-americano, não descartando que "deixe de funcionar" caso seu uso não seja benéfico para os fornecedores dos EUA.

"Um exército que quer ter certa garantia de que pode enfrentar um agressor externo tem que ter certeza de que os instrumentos militares que compra funcionarão bem e independentemente de qualquer interferência que possa existir na manutenção ou qualquer outra coisa", ressaltou.

Neste contexto, o professor deu ênfase à Turquia, que, enquanto membro da OTAN, está adquirindo armas russas. Segundo o analista, o pensamento que os países latino-americanos que confiam nos Estados Unidos devem ter em mente é o seguinte: "Pouco ganhará e sairá afetado."

Dependência do Brasil?

Essa opinião é compartilhada pelo especialista em relações internacionais José Egido, que está convencido de que "os americanos querem alavancar, consolidar uma dependência do Brasil em relação à política externa e aos interesses dos EUA".

A direção em que o Brasil, que detém a presidência pro tempore do grupo BRICS, também formado por Rússia, China, Índia e África do Sul, levanta dúvidas sobre o futuro do bloco, que é considerado uma alternativa às pretensões americanas de dominação global, afirmou Franklin Gonzalez, doutor em ciências sociais.

"É claro que os EUA não vão ficar de braços cruzados diante da perda de sua hegemonia", disse. Neste contexto, José Egido está convencido de que os EUA estão muito fracos para inverter a dinâmica internacional no sentido do multilateralismo.

"Os Estados Unidos estão francamente perdendo sua hegemonia, não foram capazes de derrubar o presidente Maduro até agora neste ano, nem foram capazes de impedir o desenvolvimento do México como país independente dentro de suas fronteiras", concluiu.

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