Apoio da Rússia e inclusão do petróleo: Instex está ganhando força?

© REUTERS / Raheb HomavandiPlataforma de petróleo em Soroush, Irã em 25 de Julho de 2005
Plataforma de petróleo em Soroush, Irã em 25 de Julho de 2005 - Sputnik Brasil
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Rússia não descarta a possibilidade de aderir ao Instex, enquanto seus participantes estudam a inclusão do petróleo neste mecanismo europeu de comércio com o Irã. Analistas contaram à Sputnik se estes passos ajudarão a dar vida à ferramenta.

Em entrevista concedida a Sputnik, a cientista política iraniana Nazanín Armanian diz que a iniciativa de diversos países europeus de lançar o Instrumento de Apoio ao Comércio Exterior com o Irã (Instex) tem 3 objetivos importantes:

  •  Ocultar sua incapacidade de cumprir o acordo nuclear com o Irã, apesar de só um dos sete subscritores, os EUA, ter abandonado o acordo;
  • Manter o Irã dentro do acordo nuclear;
  • Não perder o grande mercado iraniano para o excedente de seus produtos farmacêuticos e alimentícios, artigos centrais do Instex.

Nazanín também explica que, se o "Irã não vender seu petróleo, não terá como pagar pelo que compra, pelo que o Instex aumentará as dívidas do Irã para com estes países". O grande problema são as sanções de Trump contra a venda de petróleo do país.

"As atuais sanções dos EUA ao Irã são piores que as que Bush impôs ao Iraque, sob a fórmula de Petróleo por Comida, visto que Trump está impedindo que o Irã ofereça seu petróleo no mercado internacional", destaca a analista.

Em meados de julho, o governo russo disse considerar o Instex importante, não descartando a possibilidade de aderir ao mecanismo.

Ao mesmo tempo, os acionistas do Instex estão debatendo a possibilidade de incluir nele as operações com petróleo. Por sua parte, os EUA ameaçaram os países que planejam negociar com o Irã de cortar seu acesso ao dólar.

"Uma das deficiências deste mecanismo é que, se por um lado dá às companhias europeias acesso ao sistema bancário iraniano, por outro lado não concede proteção contra as pesadas sanções dos EUA", diz Armanian.

A analista também vê no Instex uma oportunidade de países europeus recuperarem sua soberania frente às sanções dos EUA. Em 2015, empresas espanholas ficaram eufóricas com a retirada de sanções de Washington contra o Irã, facilitando o fornecimento de petróleo à Espanha.

"Do mesmo modo que o governo socialista espanhol retirou sua fragata do grupo do porta-aviões USS Abraham Lincoln do golfo Pérsico, afastando-se dos planos bélicos de Washington contra o Irã, deve romper com as sanções ilegais e perigosas dos EUA", diz a especialista.

© AP Photo / Maxim ShemetovO ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, saudando o seu colega iraniano, Mohammad Javad Zarif, antes do encontro em Moscou, 14 de maio, 2018
Apoio da Rússia e inclusão do petróleo: Instex está ganhando força?  - Sputnik Brasil
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, saudando o seu colega iraniano, Mohammad Javad Zarif, antes do encontro em Moscou, 14 de maio, 2018

Enquanto os Estados Unidos tentam atingir as exportações iranianas, a "Rússia e a China têm a missão histórica de garantir a paz mundial neutralizando as intenções bélicas de Trump e ajudando o Irã a exportar seu petróleo", acrescenta Armanian. 

No entanto, em entrevista à Sputnik, o secretário-geral da Associação de Economistas Iranianos, Peyman Moulavi, lembra que a Rússia é concorrente do Irã no mercado internacional de petróleo.

"A criação deste tipo de mecanismo, que pode consolidar o intercâmbio comercial entre os países é possível [...] A pergunta é até onde esta cooperação pode ir", diz Moulavi.

Outra dificuldade do mecanismo está na capacidade de compra das empresas participantes, além do possível fortalecimento das sanções em caso de sucesso do Instex.

"Parece-me que o Instex é uma plataforma de compensação, ou seja, o dinheiro pago pelo petróleo iraniano deve passar por uma transação compensatória. Isto acaba por depender, infelizmente, do potencial das empresas e de seu capital em realizar transações mútuas", opina Moulavi.

Retomada das sanções

Em 2015, Irã, Rússia, EUA, Reino Unido, China, França e Alemanha firmaram o Plano de Ação Integral Conjunto, estabelecendo uma série de limitações ao programa nuclear iraniano impedindo-o de ser usado para fins militares, em troca da retirada das sanções.

A saída dos EUA do acordo em 2018, seguida de acusações contra o Irã, restabeleceu as sanções norte-americanas contra a república islâmica.

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