Último erro da Coreia do Norte: será que EUA vão enganar Kim Jong-un com falsa amizade?

© Foto / KCNAKim Jong-un, líder da Coreia do Norte ( foto de arquivo)
Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte ( foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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O encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un em 30 de junho na Zona Desmilitarizada pode ser considerado um acontecimento histórico.

Com este passo simbólico Trump marcou uma nova fase nas relações entre os dois países, contudo, as partes não se apressam porque ainda existe certo nível de desconfiança.

Segundo enfatizou o líder norte-americano, a velocidade para assinar um acordo não é o prioritário, porque as partes querem ver se podem fazer um acordo "realmente completo". Se os EUA não têm pressa com o processo de desnuclearização, a Coreia do Norte tem ainda mais razões para não o fazer.

Não poderá haver uma desnuclearização completa da Coreia do Norte antes das eleições presidenciais nos EUA, disse em entrevista à Sputnik Mundo o analista da Academia de Ciências da Rússia de origem coreana Evgeni Kim.

​​"Eu o convidaria agora mesmo para a Casa Branca", disse o presidente dos EUA, Trump, depois de entrar na Coreia do Norte com Kim Jong-un.

O processo irá realizar-se gradualmente e começará com o desmantelamento da infraestrutura relacionada com o programa nuclear norte-coreano, acrescentou o especialista.

Esta condição – primeiro as eleições, depois a desnuclearização – é muito importante e significa muito para a sobrevivência do governo de Kim, salientou Evgeni Kim. Existe uma possibilidade tangível de que outra pessoa chegue ao escritório do presidente dos EUA e decida quebrar todos os acordos com Pyongyang, o mesmo que acontece agora entre Washington e Teerã.

"Neste caso a Coreia do Norte faria uma coisa ridícula: ficaria sem armas nucleares e sem acordo. Pyongyang irá agir com precaução e esperará pela realização das próximas eleições presidenciais. A Coreia do Norte deve ter cuidado tendo em mente o exemplo do Iraque e da Líbia, que mostraram sua fraqueza e foram logo destruídos", afirmou Evgeni Kim.

Seguramente que a Coreia do Norte contará com garantias de segurança, mas ao mesmo tempo é certo que a desnuclearização completa não acontecerá durante o mandato atual de Donald Trump, enfatizou o especialista. O êxito do processo também requer uma mudança da posição dos EUA respetivamente à península coreana e à Ásia Oriental em geral.

Uma estratégia bem-pensada de Trump

Donald Trump pode agora dizer que ele foi o primeiro presidente em exercício dos EUA a ter pisado território da Coreia no Norte, e ele pode jogar essa cartada nas próximas eleições presidenciais de 2020.

Para além disso, pode-se concluir que a recente reunião preparou o terreno para a próxima cúpula entre Kim e Trump. Neste sentido, é evidente que o encontro Trump-Kim foi muito frutífero para a parte norte-americana.

© REUTERS / Kevin LamarquePresidente americano Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un na zona desmilitarizada da Coreia, em 30 de junho de 2019
Último erro da Coreia do Norte: será que EUA vão enganar Kim Jong-un com falsa amizade? - Sputnik Brasil
Presidente americano Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un na zona desmilitarizada da Coreia, em 30 de junho de 2019

A decisão de Trump de fazer uma reunião com Kim Jong-un logo a seguir à cúpula do G20, que decorreu em Osaka no Japão, apanhou a todos desprevenidos. Inclusive, ao que parece, o próprio líder da Coreia do Norte. Entretanto, o especialista da Academia de Ciências assegura que a reunião teria sido planejada com antecedência.

"Inicialmente Trump tinha dito que queria reunir-se com Kim para lhe dizer "olá" e mais nada. Estava previsto que a conversa deles durasse 15 minutos, mas na realidade Trump e Kim estiveram 53 minutos conversando, o que é suficiente para uma reunião entre dois líderes", destacou o especialista.

Os líderes concordaram em criar grupos de negociações que começarão a trabalhar nos assuntos que preocupam tanto Kim como Trump. Começarão a discutir estes temas para aproximar os pontos de vista dos dois países.

Trump afirmou que iria atenuar as sanções, embora de momento não as irá anular completamente.
A China e a Rússia defendem a abolição das sanções à medida que Pyongyang se livra do seu arsenal nuclear.

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