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Dólar em alta, agronegócio em alerta: câmbio é preocupação de produtores no Brasil

© AP Photo / Andre PennerAgronegócio brasileiro (foto de arquivo)
Agronegócio brasileiro (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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O novo período de safra no Brasil abre questões práticas como o acesso ao crédito para produtores e a preocupação com a cotação do dólar, que influencia diretamente a margem de lucro dos empresários do setor.

Para explicar a questão, a Sputnik Brasil conversou com José Luiz Tejon, especialista em agronegócio e coordenador do MBA em Agrobusiness na FECAP e da francesa Audencia Business School.

Segundo o professor e especialista, o cenário mundial de guerra comercial é considerado um dos maiores riscos para o setor, que sofre os impactos de decisões políticas sobre o preço das commodities e também do câmbio. Apesar da safra recorde no período entre 2018 e 2019, os produtores seguem preocupados diante da manutenção da valorização do dólar diante do real.

"O câmbio é um problema grande porque na agricultura ele implica nos custos dos insumos, porque nós temos dependência de fertilizantes, de químicos [...]. E temos por outro lado, na hora da venda, também no agronegócio de exportação, uma dependência do preço na hora da venda e do câmbio", afirma.

Com poder político dentro do Congresso Nacional e também prestigiado no Planalto, o agronegócio é considerado uma esperança para a economia brasileira. O setor vive hoje uma produção relativamente segura diante dos avanços tecnológicos, mitigando uma série de riscos. Porém, o câmbio segue sendo um fator fora do alcance do produtor, o que exige preparo.

O especialista explica que o risco para o setor com as alterações de câmbio e de preços de commodities é conhecido, e que uma boa estratégia para se preparar é a integração entre culturas produtivas.

"O recomendável para o nosso produtor é melhorar as práticas de plantio, partir para a integração de culturas, que não seja apostar em uma commoditie só", aponta Tejon.

Como exemplo de precaução, o especialista aponta possibilidades como o planejamento de longo prazo, a integração com a pecuária, entre soja e arroz, além do investimento em piscicultura e outros. "Procurar uma diversificação para não ter todos os ovos na mesma cesta", aconselha Tejon.

Em relação aos preços e variáveis de mercado, como no câmbio, Tejon aponta a importância de que os compradores dos produtos brasileiros sintam segurança no fornecedor. No caso, o Brasil costuma ser visto desta forma devido ao formato de sua diplomacia, o que porém, é algo delicado.

"Isso é um ponto positivo para o Brasil. Desde que ele [o Brasil] não se meta em besteiras ideológicas, políticas, religiosas", explica.

Para tal, Tejon aponta que o Brasil deve se manter como um fornecedor sério, e que se continue sem usar o setor do agronegócio para medidas políticas no cenário internacional.

"Os Estados Unidos fazem embargos, usam embargos, têm usado o alimento como instrumento geopolítico-militar também", aponta Tejon mostrando como a política pode servir de fator de instabilidade.

O especialista encerra a reflexão apontando que um planejamento "arrojado" pode ajudar o agronegócio brasileiro a impulsionar o crescimento econômico brasileiro.

"A massa que pode fazer o PIB brasileiro crescer 4% ao ano, por aí, é o desenvolvimento acelerado do agronegócio", conclui.

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