Fome petroleira: o que será do mercado petrolífero global caso haja uma guerra entre EUA e Irã?

© REUTERS / Rick Wilking Poço de petróleo nas proximidades da cidade de Denver
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Nos últimos tempos, as tensões entre o Irã e os EUA têm se agravado cada vez mais. Que consequências terá um conflito armado para o mercado petrolífero global?

O Pentágono elaborou um plano para enviar 120.000 militares ao Oriente Médio se o Irã decidir acelerar os trabalhos na área nuclear ou atacar as forças norte-americanas na região. Há poucos dias, em 20 de junho, as forças iranianas derrubaram um drone de reconhecimento dos EUA.

Vários especialistas analisaram os possíveis cenários de guerra, tendo em conta que o Exército do Irã tem mais de 650.000 militares.

Província com localização estrategicamente importante

Entretanto, o atual contingente estadunidense poderia ser suficiente para se apoderar da província iraniana do Cuzistão no sudoeste do país, bem como de vários portos no golfo Pérsico, revela o portal russo Vzglyad. Para essa operação, o Pentágono apenas precisa de duas divisões de infantaria, uma brigada de tanques e uma divisão de fuzileiros navais, com o apoio da frota e da aviação implantada nas bases dos países vizinhos. Em linhas gerais, seriam 120.000 militares envolvidos.

Esta província é um alvo ideal por várias razões. A população é predominantemente árabe e não persa e tem uma longa tradição de separatismo. Além disso, a posição geográfica favorece uma intervenção militar porque faz fronteira com o Iraque, parcialmente controlado pelos EUA, e a sua zona fronteiriça com outras províncias é montanhosa e incômoda para ações militares. Além disso, o Kuwait e a Arábia Saudita não estão longe desse território.

Finalmente, a última "vantagem" é que cerca de 80% das reservas iranianas de gás, petróleo e cerca de um terço de fontes de água doce se encontram em Cuzistão.

'Calcanhar de Aquiles' do mercado petrolífero

Em meio dessa situação, praticamente a única resposta possível do Irã é o bloqueio do estreito de Ormuz. Em sua parte mais estreita, esta via marítima tem uma largura de 50 quilômetros, mas menos de dez 10 quilômetros são aptos para a navegação, divididos em duas vias de navegação de três quilômetros cada uma e uma zona tampão entre elas. O estreito liga o golfo Pérsico através do golfo de Omã e do mar Arábico com o oceano Índico.

Por esta artéria de transporte passam petroleiros da Arábia Saudita, EAU, Iraque, bem como gás natural liquefeito do Qatar. Essa artéria serve para o transporte de 40% de todo o petróleo e seus derivados, bem como de quantidades significativas de gás liquefeito. É um verdadeiro "calcanhar de Aquiles" do comércio internacional de petróleo porque todos os navios atravessam as águas territoriais iranianas.

As reservas mundiais de petróleo

O fechamento da rota afetaria os fornecimentos de petróleo, o que levaria muito rapidamente à escassez deste combustível no Ocidente e ao aumento dos preços.

Segundo a diretiva da Agência Internacional de Energia (AIE), cada país está obrigado a manter em seu território uma reserva estratégica de petróleo equivalente a 90 dias de consumo interno total.

Os EUA têm uma reserva estratégica de petróleo de quase 730 milhões barris, que, segundo estimativas, é bastante para assegurar 90 dias de importações de petróleo. Entretanto, 250 milhões de barris resultaram contaminados com níveis extremadamente altos de sulfeto de hidrogênio. Em outras palavras, um terço da reserva estratégica é constituído por petróleo tóxico que requere um processamento adicional.

Em geral, os países europeus membros da AIE cumprem com as obrigações da agência. O mesmo se aplica ao Japão e à Coreia do Sul.

As reservas estratégicas de petróleo da China alcançaram 450 milhões de barris, com um objetivo de dispor de 476 milhões de barris em 2020. Isso, levando em conta o nível de consumo deste combustível na China, será suficiente para substituir as importações de petróleo no país em um prazo de 90 dias.

Entretanto, depois da guerra de petroleiros da década de 1980, foi criado um sistema que permite evitar o problema de fornecimento de petróleo através de estreito de Ormuz. Deste modo, os EAU construíram oleodutos de circunvalação e a Arábia Saudita criou uma infraestrutura separada para as exportações de petróleo através do mar Vermelho.

A principal preocupação não é a cessação física do fornecimento de petróleo ao mercado mundial, mas as inevitáveis subidas de preço que se seguirão a uma possível escalada militar do conflito entre os EUA e o Irã.

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