Resposta do Irã à agressão dos EUA 'seria implacável e desproporcional', avisa especialista

© AP Photo / Ministério da Defesa do IrãLançadores do novo sistema iraniano de defesa antiaérea Khordad-15
Lançadores do novo sistema iraniano de defesa antiaérea Khordad-15 - Sputnik Brasil
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O comandante do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC), Hossein Salami, declarou ontem (20) que a derrubada de drone é uma "mensagem clara" para Washington quanto à prontidão de Teerã para reagir em caso de ataque.

Esta situação fez com que as tensões alcançassem novos patamares, com os dois países alegando que estavam certos em relação às suas ações.

No entanto, a história mostra que os EUA não têm medo de ser os primeiros a atacar, rejeitando a culpa até conseguirem o que querem.

Tanto os Estados Unidos como Irã têm divulgado imagens defendendo as suas afirmações sobre a localização do drone RQ-4 Global Hawk: se este estava operando nas águas internacionais ou em espaço aéreo iraniano quando foi abatido pelo IRGC na quinta-feira (20).

Com muitas questões ainda sem resposta e relatos sobre uma guerra iminente entre o Irã e os EUA, Mohammad Marandi, especialista em estudos americanos e em literatura pós-colonial, professor na Universidade de Teerã, partilha sua análise da situação no programa da Rádio Sputnik Lound&Clear.

No Irã ninguém confia nos EUA, especialmente em Donald Trump

"Esta não é a primeira vez que drones dos EUA são derrubados no Irã, e os americanos já violaram o espaço aéreo iraniano em muitas ocasiões. Em uma ocasião os iranianos conseguiram hackear um drone dos EUA e fazê-lo pousar com sucesso em solo iraniano", disse Mohammad Marandi aos apresentadores do programa, descartando as alegações norte-americanas de que o drone de reconhecimento estava no espaço aéreo internacional quando foi abatido.

"Ninguém no Irã confia nos EUA, particularmente, ninguém confia em Trump", disse o professor.

Marandi recordou o terrível acontecimento de 3 de julho de 1988, o voo 655 da Iran Air, quando a aeronave foi derrubada por um míssil de cruzeiro disparado do navio USS Vincennes, da Marinha dos EUA, resultando na morte de 290 pessoas, entre os quais 66 crianças.

"Naquela altura os EUA mentiram sobre o voo, e a mídia ocidental reproduziu simplesmente a posição do Governo norte-americano. Eles mentiram descaradamente para fazer com que parecesse que a culpa era da companhia aérea iraniana a fim de justificar suas ações. Mais tarde tornou-se evidente que o avião estava agindo como qualquer outro avião deveria agir", disse Marandi.

O então presidente dos EUA George H.W. Bush afirmou pouco tempo depois que "nunca iria pedir desculpas pelos EUA, não me importa quais sejam os fatos".

A intensificação do conflito trará resultados devastadores à economia global

Ao ser perguntado sobre a crescente possibilidade de agressão por parte dos EUA, Marandi afirmou que seria "um grande erro de cálculo" para o presidente norte-americano Donald Trump ouvir os "assim chamados especialistas iranianos que dizem aos americanos que, se eles efetuarem um ataque limitado, os iranianos não iriam responder".

O especialista salientou também que tal agravamento do conflito teria consequências devastadoras para a economia global.

"Na minha opinião a resposta do Irã seria implacável e desproporcional", porque os iranianos irão não só retaliar contra as forças agressivas, mas também atacar os países que facilitarem os EUA a efetuar os ataques", opinou Marandi, incluindo países como os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita.

Embora a economia não deva ser colocada à frente das vidas, Marandi avisou que "se as pessoas não enfrentarem os Estados Unidos, sejam governos ou cidadãos, então todos pagarão um preço, porque o bem-estar das pessoas em todo o mundo depende da energia que vem da região do golfo Pérsico".

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