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Moeda comum do Mercosul: 'Irresponsabilidade por parte de Bolsonaro'

© REUTERS / Agustin MarcarianJair Bolsonaro e Mauricio Macri acenam em salão da Casa Rosada, em Buenos Aires
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O presidente do Brasil Jair Bolsonaro, durante sua visita à Argentina no início de junho, falou sobre os planos de criar uma moeda única entre os dois países, que poderia estender-se ao Mercosul. O economista argentino Leandro Mora Alfonsín comentou esse assunto.

Durante a campanha eleitoral e nos primeiros seis meses no poder, o governo de Bolsonaro criticou o bloco econômico sul-americano. "O Mercosul não é uma prioridade para o Brasil", disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, antes de assumir o cargo.

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Mas, durante a primeira visita oficial do presidente brasileiro à Argentina, ocorreu uma reviravolta inesperada. Bolsonaro não só pediu para priorizar o bloco, mas também disse que estava trabalhando com seu homólogo argentino Mauricio Macri na criação de uma moeda comum extensiva a todo o Mercosul, o "peso real".

Em uma entrevista à Sputnik Mundo, Leandro Mora Alfonsín, economista da Universidade de Buenos Aires, descreveu essas declarações do presidente como "insustentáveis" e destacou que "não passam de fumaça". Para o especialista em indústria e economias regionais, não se trata de "qualquer tipo de estratégia", mas de "uma irresponsabilidade por parte de Bolsonaro".

"O Mercosul foi criado como um mercado comum. Um espaço no qual os bens dos países membros são comercializados livremente sem tarifas, e no qual deve haver uma tarifa externa comum. Ou seja, ter um acordo entre os quatro membros sobre que tarifa colocamos sobre tudo que seja externo ao bloco ", explicou o economista.

Mas esta fase de integração, também caracterizada pela livre mobilidade de fluxos e de pessoas, ainda não se concretizou. Para Mora Alfonsín, "nem sequer funciona plenamente como uma zona de livre comércio, porque em alguns segmentos não há tarifa zero". Assim, o bloco não é "mais do que uma zona de livre comércio imperfeita", acrescentou ele.

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"Quando falamos de integração econômica, é como uma matryoshka [bonecas russas que cabem umas nas outras]. Primeiro vêm as zonas de livre comércio, depois as uniões aduaneiras, o mercado comum e o mais sofisticado e avançado em termos de integração econômica é a união monetária", afirmou ele.

Tal união monetária requer uma política econômica e fiscal comum, um Banco Central conjunto e o compromisso geral de renunciar à política monetária e cambial soberana e adotar a política internacional. "É por isso que introduzir uma moeda comum é irresponsável, porque hoje ela não é sustentável", concluiu o economista.

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