Como EUA usam bloqueio para provocar crise alimentar na Venezuela (FOTOS)

© Sputnik / Esther Yáñez IllescasConteúdo de um cesta distribuída pelas CLAP
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Em 8 de junho os venezuelanos saíram às ruas para defender as CLAP (Comissões Locais de Abastecimento e Produção), o programa do governo para garantir a alimentação em tempos de escassez. A Sputnik Mundo revela o que significam as CLAP para o povo venezuelano.

Desde 2017, o presidente dos EUA Donald Trump tem adotado sanções contra a Venezuela. Recentemente, Washington ameaçou pôr fim ao programa CLAP. Por um lado, as CLAP são as cestas (caixas) alimentares distribuídas pelo governo por todo o país desde 2016. Por outro lado, CLAP é um sinônimo de coesão do povo perante a guerra das sanções.

A Sputnik Mundo falou com os representantes das Unidades Populares de Defesa Integral da Venezuela, cujo objetivo é estar prontos para qualquer "intervenção".

© Sputnik / Esther Yáñez IllescasVenezuelanos saem às ruas para defender as CLAP (Comissões Locais de Abastecimento e Produção), 8 de junho.
Venezuelanos saem às ruas para defender as CLAP (Comissões Locais de Abastecimento e Produção), 8 de junho - Sputnik Brasil
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Venezuelanos saem às ruas para defender as CLAP (Comissões Locais de Abastecimento e Produção), 8 de junho.
© Sputnik / Esther Yáñez IllescasMarcha a favor das CLAP em Caracas, em 8 de junho.
Marcha a favor das CLAP em Caracas, em 8 de junho - Sputnik Brasil
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Marcha a favor das CLAP em Caracas, em 8 de junho.
© Sputnik / Esther Yáñez IllescasParticipantes da marcha a favor das CLAP.
Participantes da marcha a favor das CLAP - Sputnik Brasil
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Participantes da marcha a favor das CLAP.
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Venezuelanos saem às ruas para defender as CLAP (Comissões Locais de Abastecimento e Produção), 8 de junho.
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Marcha a favor das CLAP em Caracas, em 8 de junho.
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Participantes da marcha a favor das CLAP.

"Na nossa comunidade nos organizamos em Unidades Populares da Defesa Integral", revelou Maryuri, moradora do estado de Carabobo, de 57 anos.

"Todos os chefes comunitários que distribuem as CLAP se comprometeram com a resistência revolucionária em caso de qualquer eventualidade", explicou ela.

Qualquer eventualidade é um ataque estrangeiro, uma invasão ou uma guerra convencional.

"Se forem adotadas sanções contra as CLAP teremos uma redução completa a zero por cento da importação das cestas que ainda estão em trânsito", revelou à Sputnik Mundo Yomar España, diretor-geral de Comunicações do Ministério da Alimentação.

"A solução é fazer uma cesta completamente nacional, de fato, já estamos fazendo isso em alguns estados como Guárico. A chamamos de cesta CLAP 'soberana' completamente autônoma", sublinhou.

É difícil calcular os danos causados pelo bloqueio alimentar porque é difícil entender com números o que significa deixar sem comer seis milhões de famílias. Atualmente, devido às medidas restritivas dos EUA, estão congelados 1,2 bilhões de dólares (R$ 4,6 bilhões) que pertencem à Venezuela, destinados ao pagamento de alimentos.

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"Com esse dinheiro poderíamos importar matéria-prima para a produção de alimentos ou cestas CLAP completamente embaladas por mais de dois meses", explicou España.

José Rivero, chefe do armazém Caracas, uma de três entidades de seu tipo na cidade, que recebe diariamente mais de 15.000 caixas CLAP provenientes do porto venezuelano La Guaira, donde se realiza todo o processo de embalagem.

"Antes das sanções contra os navios cargueiros, estávamos conseguindo o objetivo de distribuir as cestas a cada 15 dias entre as comunidades. Conseguimos uma média de 17 dias aproximadamente. Agora as estamos distribuindo uma vez por mês ou ainda mais raro, dependendo da zona", sublinhou ele.

As sanções contra os armadores que transportavam alimentos à Venezuela causaram um dos golpes mais sérios. O tempo médio de espera dos navios desde que saíam de seu porto de origem até chegarem à Venezuela era de 45 dias em 2017.

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A cifra passou a 60 dias em 2018 e, atualmente, se encontra em 147 dias. Segundo dados oficiais do Ministério de Alimentação, a distribuição sofreu uma queda de 29% em comparação com o mês anterior.

"Deste ponto saem diariamente 12.000 cestas que distribuímos por diferentes municípios da cidade", revelou Rivero. "O CLAP é uma ferramenta fundamental da revolução porque é um muro de contenção perante esta guerra econômica que estamos enfrentado".

O chefe do recinto, escondido para a maioria mas que trabalha sem descanso 24 horas por dia, sete dias por semana, demonstrou ao correspondente da Sputnik Mundo o que contém uma dessas cestas: cinco pacotes de macarrão, três latas de atum, um quilo de açúcar, um quilo de leite em pó, meio-quilo de feijão preto, um litro de azeite, um quilo de arroz, meio-quilo de farinha de milho e um frasco de molho de tomate.

© Sputnik / Esther Yáñez IllescasDistribuição de cestas alimentares das CLAP
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Distribuição de cestas alimentares das CLAP

O custo destes produtos é de 6.000 bolívares soberanos (menos de um dólar). Em qualquer supermercado da cidade tudo isso custaria cerca de 100.000 bolívares, ou seja, cerca de 20 dólares – um preço muito alto para a maioria dos cidadãos do país onde o salário mínimo mensal alcança sete dólares. Chama a atenção que a maioria dos produtos é de produção nacional.

"Desde que Maduro iniciou o Programa de Recuperação, Crescimento e Prosperidade Econômica em 2017, lançámos 79 indústrias para produzir alimentos da cesta básica", sublinhou Yomar España.

Ele acredita que no futuro a Venezuela poderia se tornar um país completamente autônomo. "Para isso lançamos também o Plano Proteína Nacional e esperamos que, em cerca de seis meses, poderemos ser completamente autossustentáveis", afirmou ele.

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Apesar do bloqueio de Washington, em 2019, as CLAP distribuíram 42.086.449 cestas com alimentos entre cerca de seis milhões de famílias por toda a Venezuela.

Carmen Mora vive em Caracas com seu marido e filhos. Ela acredita que, se a oposição chegar no poder, as cestas das CLAP serão abolidas.

"A cesta para mim é um benefício muito grande porque, se apenas contasse com meu salário ou o de meu marido, não poderia comprar todo o que necessito. Se comprar frango não posso comprar arroz, ou se não, farinha. É um grande benefício e, por isso, as pessoas têm que saber que temos que apoiar nosso presidente Nicolás Maduro", disse ela.

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