Arquivos vazados de Snowden: EUA teriam ajudado Israel a pôr Hezbollah na mira de assassinato?

© REUTERS / Mark Blinch Ex-contratado da Agência de Segurança Nacional dos EUA, Edward Snowden, aparece em vídeo durante conferência em Toronto, 2 de fevereiro de 2015 (imagem de arquivo)
Ex-contratado da Agência de Segurança Nacional dos EUA, Edward Snowden, aparece em vídeo durante conferência em Toronto, 2 de fevereiro de 2015 (imagem de arquivo) - Sputnik Brasil
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Documentos dos arquivos de Snowden, que foram vazados recentemente, revelam que Israel confiou muito na inteligência da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) em sua guerra no Líbano de 2006.

Quando se trata de compartilhamento de inteligência entre os EUA e outros países, esse movimento pode ser a ponta do iceberg, disse à Sputnik Internacional o ex-diretor técnico da NSA, Bill Binney.

"Ficarei surpreso se não tivesse acontecendo muito mais", destacou Binney, que se tornou um lendário denunciante de segurança nacional.

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"Do meu ponto de vista, quando eu estava lá [...] Estávamos desenvolvendo certos softwares dentro da NSA, e isso era para lidar com o novo ambiente digital. A partir de 1997, talvez 1996, alguém da NSA estava secretamente, por baixo da mesa, compartilhando nosso desenvolvimento de software com a Unidade 8200 [unidade do Corpo de Inteligência das Forças de Defesa de Israel, conhecida como ISNU]; e isso é o equivalente israelense da NSA. Eles estavam fazendo isso por baixo da mesa", afirmou o veterano da agência de segurança, que renunciou em 2001.

Após seis anos desde que o ex-funcionário da NSA, Edward Snowden, revelou os questionáveis esforços de coleta de informações do governo americano, documentos vazados do cache de Snowden revelam que a unidade ISNU fez repetidos pedidos à NSA de informações sobre a localização de agentes do Hezbollah para colocá-los na mira de assassinato.

"A confiança da ISNU na NSA foi igualmente exigente e centrada em pedidos de tarefas urgentes, avisos de ameaças, incluindo ELINT tático [inteligência eletrônica] e recebimento de informações geolocacionais sobre elementos do Hezbollah", escreve documento vazado por um funcionário não identificado da NSA baseado em Tel Aviv.

O documento foi originalmente publicado em 2006 no boletim informativo interno da agência de segurança.

"No final, um cenário foi decidido pelo ODNI [Diretor da Agência Central de Inteligência] que definiu os parâmetros e métodos do que podia e não podia ser compartilhado com os israelenses [...] A ISNU enfatizou sua profunda gratidão pela cooperação e apoio que receberam da NSA", escreveu o oficial.

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O documento implica que a NSA acabou chegando a um acordo com o ODNI, que supervisiona os esforços dos serviços de informações dos EUA, no que diz respeito à partilha de informações com a Unidade 8200, sem descrever detalhes do acordo.

Outro dos documentos vazados é uma apresentação interna da NSA que descreve o compartilhamento de informações entre a NSA e a ISNU, revelando "condição e localização do soldado", "dados geolocacionais" e "aumento da tarefa de coleta da NSA". Em outro dos arquivos revelados, a agência de segurança escreveu que os oficiais israelenses estavam passando por uma "ansiedade elevada" durante a guerra e eram fortemente dependentes da inteligência da NSA.

Antes que os dados de inteligência pudessem ser compartilhados com outros países, entidades da NSA eram obrigadas a determinar se os parceiros da agência estavam em conformidade com os critérios necessários para o compartilhamento de dados de inteligência.

Para Binney, as funções dos responsáveis era determinar se a NSA estava comprometendo algo que era muito sensível ou se o parceiro envolvido tinha a capacidade tecnológica para tirar proveito da tecnologia que tinha sido compartilhada. O denunciante também observa que os EUA compartilhariam essas informações de inteligência com Israel para "apoiar um aliado próximo".

"Eles [Israel] também compartilham informações conosco. O nível de compartilhamento feito [...] Esse é realmente o problema. Eles [EUA e Israel] tentam ajudar uns aos outros como todos os parceiros fazem. É como um acordo de partilha entre os países e um esforço de cooperação mútua", acrescentou o ex-diretor técnico da NSA.

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