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Economista explica como a Argentina ajudou a derrubar o comércio exterior do Brasil

© REUTERS / Aly SongContêineres no porto de águas profundas de Yangshan, parte da Zona Franca de Xangai.
Contêineres no porto de águas profundas de Yangshan, parte da Zona Franca de Xangai. - Sputnik Brasil
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A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reportou que o Brasil teve a 3ª maior queda no comércio exterior entre países do G20 no 1º trimestre - queda de US$ 6,9 bilhões em relação ao trimestre anterior. Para explicar as razões dessa queda, a Sputnik Brasil ouviu o economista-chefe da Confederação Nacional de Comércio (CNC).

O levantamento divulgado pela OCDE mostra que o Brasil teve queda no comércio exterior inferior apenas às de Coreia do Sul e Indonésia. As exportações brasileiras neste primeiro trimestre ficaram em US$ 58,6 bilhões.

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Em 2018, o quarto trimestre registrou um saldo de US$ 62,6 bilhões. Já as importações ficaram em US$ 42,4 bilhões, e eram de US$ 45,2 bilhões no trimestre anterior, conforme os números da OCDE.

A queda no comércio brasileiro, no entanto, não é exatamente uma surpresa. É o que diz Fábio Bentes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, em entrevista à Sputnik Brasil.

O economista ressalta que o mundo vive hoje um contexto de guerra comercial entre Estados Unidos e China, o que estaria afetando o comércio "de uma forma global".

"As principais economias, essas do G20, a maior parte delas, principalmente economias asiáticas e a economia alemã, tendem a ser as mais afetadas, na medida em que nessas economias o comércio exterior tende a ser mais preponderante", ressalta.

Bentes explica, porém, que o fator que afetou mais a economia brasileira estaria na verdade bem mais perto.

"O problema são as exportações para a Argentina. O nosso vizinho aqui da América do Sul passa por uma crise muito severa e isso acaba fazendo com que a demanda por produtos brasileiros caia mais do que cairia em uma situação de normalidade", diz o economista.

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Bentes também expõe que as exportações brasileiras com os principais atores da guerra comercial, China e Estados Unidos, vão muito bem e cresceram nos primeiros meses de 2019.

Já os números com a Argentina, o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás de China e EUA, não são tão animadores. Dados divulgados pelo governo argentino na semana passada mostram que a queda nas exportações brasileiras para a Argentina foi de 43,8% nos primeiros quatro meses de 2019, em relação ao mesmo período do ano passado.

A queda, segundo Bentes, é generalizada e não está localizada em uma indústria específica.

"[No] principal produto de exportação do Brasil para a Argentina, que são automóveis, [as exportações] caíram 54%, mais do que a metade, [agora é] menos da metade do que era um ano atrás", observa o economista Fábio Bentes que também cita a queda de 39% nas exportações de autopeças, de 33% em outros produtos manufaturados e 77% em veículos de carga.

Bentes também explica que a volta da retração econômica, que já é esperada entre economistas, é outro fator para a queda do comércio brasileiro. No entanto, essa questão afetaria mais as importações.

Para o economista, o principal problema a ser sanado, além da alta do dólar, para melhorar as exportações brasileiras seria o das contas internas. E para tal, Bentes ressalta a necessidade de reformas econômicas e taxas de juros menores.

No cenário externo, o economista acredita que a principal medida a ser tomada seja a diversificação de parceiros comerciais.

"A gente tem tanto uma saída externa através da diversificação de parceiros como uma alternativa interessante, mas tem, principalmente, que arrumar a casa aqui internamente, principalmente no que se refere às contas públicas do país", conclui.

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