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Especialista vê cenário negativo para relações entre Brasil e Alemanha no curto prazo

© REUTERS / Stefanie LoosMinistro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas
Ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas - Sputnik Brasil
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O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, está em visita ao Brasil como parte de uma turnê pela América Latina. Em meio a um enfraquecimento nas relações bilaterais, ele será o primeiro membro do governo alemão a se encontrar com o atual presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. Mas de que forma essa viagem poderá contribuir para uma aproximação entre os dois países?

Maas desembarcou nesta segunda-feira em Salvador, Bahia, para uma reunião com ativistas pelos direitos das mulheres, antes de seguir para Brasília, onde deve se reunir com o chefe de Estado brasileiro e o chanceler Ernesto Araújo. Na capital baiana, durante a inauguração de uma rede de apoio às mulheres, criticou duramente o crescimento do populismo e do nacionalismo em todo o mundo, destacando os riscos impostos por retrocessos "perigosos".  

​"O populismo e o nacionalismo estão avançando em todo o mundo e as conquistas alcançadas depois de décadas de luta não estão apenas sendo discutidas, mas estão sendo questionadas", disse ele, citado pela Europa Press. "Teremos que lutar para manter o progresso vivo na Alemanha, na América Latina e em todo o mundo, e para essa luta precisamos de aliados", acrescentou.

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Para o professor de Relações Internacionais Kai Enno Lehmann, da Universidade de São Paulo (USP), apesar dessa visita de Heiko Maas ao Brasil, as expectativas para as relações entre Brasil e Alemanha no curto prazo não são muito boas, por uma série de razões. Em primeiro lugar, ele destaca que o fato de a chanceler alemã, Angela Merkel, estar em seu último mandato contribui para um desgaste do capital político do seu governo, reduzindo o espaço de manobra da sua administração em matéria de política externa. Além disso, o próprio ministro das Relações Exteriores alemão pertence ao Partido Social-Democrata (SPD), tendo uma postura crítica ao governo Bolsonaro. E, por último, a aproximação das eleições europeias deverá mexer com os partidos da coalizão na Alemanha, o que poderia provocar uma crise doméstica no país e, assim, deixar em segundo plano, os esforços referentes às relações exteriores. 

Atualmente, segundo Lehmann, no mainstream político alemão, a visão que se tem do Brasil de Bolsonaro não é nem um pouco positiva, inclusive para parte da União Democrata-Cristã (CDU), partido de Merkel. A própria chanceler, ainda de acordo com o especialista, tem um histórico de olhar para líderes como o atual presidente brasileiro de maneira muito crítica, por acreditar que eles não compartilham da ideia dela de que política tem que ser uma "coisa séria, que tem que ser bem pensada, repensada e pensada de novo". 

"Ela não gosta muito de políticos impulsivos. A visão geral de Bolsonaro é que ele seja um político muito impulsivo, que não pensa muito. Que fala muito, mas não pensa muito. E, obviamente, fora isso, tem algumas declarações dele recentemente sobre as origens do fascismo, do nazismo, que repercutiram muito mal na Alemanha", afirmou o professor em entrevista à Sputnik Brasil, explicando que esse mal-estar deve ser levado em conta durante o encontro de Maas com Bolsonaro e Araújo.

Em um cenário mais amplo, considerando toda a região da América Latina, onde o ministro alemão também visitará a Colômbia e o México nesta semana, Kai Enno Lehmann acredita que a Alemanha, assim como outros países, está tão preocupada com seus próprios problemas que dificilmente lançará novas iniciativas regionais ambiciosas. Para ele, esse não parece ser o momento oportuno para isso, embora exista uma necessidade de que isso seja feito. 

"As circunstâncias políticas, tanto aqui quanto lá, parecem não existir neste momento."

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