Dólar desnecessário: como moeda americana está perdendo posições na arena global

CC BY 2.0 / Mike Poresky / FogoNota de cinco dólares em chamas
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Segundo os últimos dados, em 2018 o Banco Central russo aumentou suas reservas em moeda chinesa, enquanto a cota-parte do dólar caiu duas vezes. Por que a Rússia está ativamente substituindo ativos denominados em dólares por outros em yuanes e como o resto do mundo está se preparando para o enfraquecimento do papel do dólar?

No último ano o Banco Central russo aumentou 17 vezes suas reservas denominadas em yuanes. Apenas no terceiro trimestre de 2018, a cota-parte da moeda chinesa no portfólio do Banco da Rússia aumentou de 11,6% para 13,6%, até 62,5 bilhões de dólares, enquanto os títulos dos EUA se reduziram de 46,2% para 22,6%.

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Mas o que está por trás dessas ações do Banco Central russo? Primeiro, é de assinalar o aumento do comércio bilateral entre a Rússia e a China em meio às tentativas de Washington de impor suas próprias regras.

No ano passado o volume do comércio russo-chinês aumentou 27,1%, superando 100 bilhões de dólares.

Em 2019 esse crescimento poderia se tornar ainda mais notável devido à guerra comercial entre os EUA e a China, que faz com que Pequim seja obrigado a desistir de mercadorias americanas e a procurar sua substituição em outros países, inclusive na Rússia.

No âmbito do aumento das trocas comerciais entre os dois países, é logico que o Banco Central da Rússia esteja aumentando a cota-parte do yuan nas suas reservas. Não é de surpreender que os dois países estejam tentando abandonar o dólar nas transações mútuas.

Além disso, uma série de bancos russos já aderiu ao Sistema de Pagamento Internacional da China (CIPS, na sigla em inglês) para ampliar o uso de moedas nacionais nas transações internacionais. A Rússia, por sua vez, criou seu próprio análogo ao sistema de pagamentos interbancários SWIFT, cuja versão para exportação foi apresentada no fim de 2018.

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A Europa também está se preparando para abandonar o uso do dólar. Em 31 de março, a Comissão Europeia concluiu a recolha de opiniões de especialistas e das posições dos países da UE no que se refere ao uso do euro em vez do dólar nos pagamentos por fontes de energia.

Essa iniciativa foi proposta em dezembro pelo comissário europeu do Aquecimento Global e Energia, Miguel Arias Cañete.

"A UE importa 34% de energia da Rússia, 33% do Oriente Médio e Norte de África, 20% da Noruega, 2% dos EUA, mas 85% dos contratos de importação são denominados em dólares", declarou Cañete.

Segundo ele, isso cria riscos cambiais para as empresas energéticas europeias e pode levar a problemas de pagamentos entre os países europeus e seus parceiros se os EUA adotarem sanções contra eles.

Depois de analisar todas as opiniões, a Comissão Europeia deve desenvolver recomendações para a eliminação progressiva de uso do dólar, por exemplo, o chamado Instrumento de Apoio às Trocas Comerciais (INSTEX) que foi desenvolvido pela Alemanha, França e Reino Unido para evitar as sanções dos EUA contra o Irã. O INSTEX prevê que os pagamentos por petróleo e outras mercadorias importados do Irã sejam creditados na conta de uma empresa especial. A mesma empresa vai comprar mercadorias e serviços na Europa para depois enviá-los a Teerã.

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O INSTEX se baseia no princípio do anonimato: essa empresa especial não vai revelar seus parceiros na Europa, o que os vai proteger das sanções americanas. Além disso, o sistema INSTEX não usará o dólar para que o Tesouro dos EUA não possa rastrear seu movimento.

Segundo a Reuters, no início de maio Washington planeja adotar sanções mais duras contra o Irã, reduzindo a lista de países (excluindo dela, por exemplo, a Grécia e a Itália) autorizados a comprar petróleo iraniano sem serem afetados pelas medidas restritivas dos EUA, por exemplo. Se isso acontecer, ainda mais países europeus vão aderir ao mecanismo INSTEX, abandonando o dólar.

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