A Boeing não é apenas um gigante da aviação civil, mas também um dos mais importantes intervenientes no mercado de armamento. Dmitry Drozdenko, editor adjunto da revista russa Arsenal Otechestva (Arsenal da Pátria), explicou à Sputnik se a Boeing venderia menos equipamento militar por causa dos acidentes recentes.
Drozdenko não relaciona os problemas das aeronaves civis da Boeing com os problemas militares da empresa. Segundo ele, o boicote chinês contra os produtos da Apple levou a uma queda substancial nas cotações da empresa, mas esta empresa ainda está em funcionamento. Assim, a Boeing vai continuar a trabalhar no setor militar sem alterações e, quando a situação 737 MAX 8 esteja resolvida, as ações vão recuperar de alguma forma, disse Drozdenko.
"Com os dados disponíveis até agora, podemos dizer de forma preliminar que os cenários de voo foram muito semelhantes nos casos do Boeing indonésio e do etíope", disse o Drozdenko.
Os dois aviões que caíram tinham o novo sistema de estabilização chamado MCAS. Segundo Drozdenko, este sistema foi introduzido no Boeing 737 MAX porque se trata de um avião muito antigo.
Como explica o especialista, para competir com outras aeronaves mais modernas, o avião também foi equipado com "motores enormes e muito potentes", mas as modificações estruturais da aeronave foram mínimas. "A empresa decidiu não modernizar a estrutura do avião, mas apenas atualizar o software. Então se instalou esse sistema [MCAS], que pouco a pouco corrige a inclinação da aeronave que é causada pelo funcionamento dos motores", explicou ele.
Após a catástrofe no mar de Java, o manual do piloto para o Boeing 737 MAX foi modificado, já que a parte sobre o funcionamento do MCAS não listava as ações a serem tomadas para lidar com situações inesperadas.
No entanto, salienta Drozdenko, estas modificações não foram suficientes para evitar outra tragédia. Até a investigação estar concluída, não se pode dizer se os pilotos etíopes receberam ou não formação adicional.
Ao mesmo tempo, o especialista explicou que não há razão para estar preocupado com o futuro dos sistemas automáticos na aviação civil, uma vez que se trata de um processo evolutivo normal. Além disso, o transporte aéreo continua a ser um dos mais seguros do mundo, concluiu.