ONU alerta para milhões de mortes prematuras até 2050 devido a danos ambientais

© AP Photo / Will KincaidPoluição do ar.
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Danos ambientais causados por atividades provocadas pelo homem estão causando danos à saúde humana, disse a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira, alertando sobre milhões de mortes prematuras devido à poluição do ar e da água até 2050, caso a ação não seja tomada.

Visto como a avaliação mais abrangente e rigorosa sobre o estado do meio ambiente, as Perspectivas do Meio Ambiente Global da ONU disseram que a saúde humana — estava em "estado de calamidade" devido ao desenvolvimento insustentável e à má proteção ambiental.

A poluição do ar causada por veículos e indústrias, bem como a queima de combustíveis como madeira, carvão e querosene para cozinhar, aquecer e iluminar, resultou em cerca de 7 milhões de mortes por ano, segundo o relatório, que custou cerca de US$ 5 trilhões em perdas de bem-estar.

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A qualidade da água piorou devido ao aumento de poluentes orgânicos e químicos, como plásticos, patógenos, metais pesados e pesticidas. Quase 1,5 milhão de pessoas morrem anualmente devido a doenças relacionadas à ingestão de água poluída por patógenos.

"Nossa principal mensagem é que um planeta saudável possibilita uma vida humana saudável — e que o planeta está se tornando cada vez mais insalubre e isso está impactando nossa saúde", afirmou Joyeeta Gupta, uma das principais cientistas que trabalhou no relatório. "As causas de um planeta insalubre precisam ser abordadas".

O relatório de 740 páginas — compilado ao longo de seis anos por 250 cientistas de 70 nações — afirma que as atividades humanas podem colocar em risco as "fundações ecológicas da sociedade" e exigem uma ação sem precedentes.

Ele foi lançado na Assembleia Ambiental das Nações Unidas, uma cúpula de cinco dias em que ministros do Meio Ambiente planejam se comprometer com a criação de um planeta mais sustentável, da redução do desperdício de alimentos e poluição de plástico ao desenvolvimento de tecnologias para combater a mudança climática.

Transformando alimento, energia, resíduos

Autoridades da ONU informaram que a saúde e a prosperidade da humanidade estavam diretamente ligadas ao estado do meio ambiente e que havia a necessidade de se transformar em modelos mais sustentáveis de desenvolvimento.

"O [relatório] Perspectivas do Meio Ambiente Global tem uma mensagem muito clara: não podemos transformar o mundo alterando as margens", acrescentou Joyce Msuya, diretora executiva interina da área ambiental da ONU.

"Precisamos olhar para transformar a forma como produzimos e consumimos nas áreas de alimentos, energia e resíduos para garantir um futuro saudável para todos", acrescentou

O setor agrícola, por exemplo, não é apenas um contribuinte significativo das emissões de gases do efeito estufa, disse ela — um terço dos alimentos produzidos globalmente estava sendo desperdiçado, mas a demanda por alimentos estava aumentando devido ao crescimento populacional.

Embora a produção de fontes renováveis de energia esteja em alta, dois terços da eletricidade mundial ainda são provenientes de combustíveis fósseis, explicou Msuya.

"É hora de valorizar o desperdício e descartar nosso modelo atual de crescimento econômico e as montanhas de lixo que passaram a caracterizar nossos espaços urbanos e cursos d'água", comentou.

O relatório forneceu uma série de sugestões para ajudar os formuladores de políticas a enfrentar os desafios de reduzir as emissões de carbono e reduzir a poluição do plástico para combater o desperdício de alimentos.

A adoção de dietas menos intensivas em carne e a redução do desperdício de alimentos, por exemplo, reduziria a necessidade de aumentar a produção de alimentos em 50% para alimentar cerca de 10 bilhões de pessoas no planeta em 2050, revelou o relatório.

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Especialistas dizem que é hora de acabar com o modelo de desenvolvimento econômico "cresça agora, limpe depois" — e há sinais crescentes de que as pessoas estão pedindo por tal transformação. Já era hora de os governos deles ouvirem, acrescentaram.

"Sabemos quais são os comportamentos humanos problemáticos que estão afetando nosso meio ambiente — é a maneira como comemos, é a maneira como nos locomovemos, é a energia que usamos para abastecer nossas casas e é como construímos nossas casas e toda a infraestrutura que vai com isso", disse Paul Ekins, que também trabalhou no relatório.

"Há sinais de que todos esses comportamentos estão sendo questionados — desde movimentos em direção a comer menos carne, passando por movimentos de mudança para veículos elétricos. Agora, precisamos universalizar esses hábitos e comportamentos", concluiu.

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