Financistas avisam: calote dos EUA é inevitável

CC BY 2.0 / Mike Poresky / FogoNota de cinco dólares em chamas
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Os EUA atingiram o limite de sua dívida pública – o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos já não pode emitir títulos de dívida pública, que ultrapassou 22 trilhões de dólares. Segundo os analistas, sem novos empréstimos, os fundos do departamento estarão esgotados até o fim de agosto. Que consequências terá essa situação?

Segundo o colunista da Sputnik Maksim Rubchenko, os EUA atingiram o teto da dívida pela quarta vez nos últimos oito anos. Os casos anteriores ocorreram em maio de 2011, em agosto de 2017 e em fevereiro de 2018, quando o presidente dos EUA Donald Trump suspendeu a lei sobre o teto da dívida por um ano. Nos últimos 12 meses o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos contraiu empréstimos no valor de 1,22 trilhões de dólares – um valor recorde desde 2009.

"Todos entendem que os EUA não são capazes de pagar suas dívidas. Enquanto financistas do Fed [banco central dos EUA] e do Departamento do Tesouro estão tentando reduzir o apetite da administração Trump, os 'economistas progressistas' propagandeiam uma nova atitude frente ao problema. Trata-se da chamada teoria monetária moderna", afirmou Rubchenko.

De acordo com adeptos dessa teoria, se a dívida é denominada na moeda nacional do país emissor, como no caso dos EUA, o país não irá enfrentar os problemas tradicionais ligados à dívida pública e ao déficit orçamentário – o Fed pode imprimir tantos dólares quantos precisa para amortizar a dívida. 

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Entretanto, o presidente do Fed, Jerome Powell, critica essa teoria. "Em minha opinião, a ideia de que o déficit orçamentário não importa para os países que contraem créditos em sua moeda nacional é errada", sublinhou ele.

Powell destacou que a dívida dos EUA é muito alta em relação ao PIB e, o que é ainda mais importante, está crescendo mais rápido do que o PIB. Segundo os dados do Departamento do Tesouro, nos últimos 20 anos os gastos públicos nos EUA aumentaram 46%, enquanto o PIB – apenas 27%.

"Seremos forçados a gastar menos ou aumentar as receitas orçamentais", declarou ele. Isso significa que os EUA deveriam abandonar os grandes e dispendiosos projetos de Trump, como a construção de muro fronteiriço com o México, ou aumentar os impostos. As duas variantes causariam grandes problemas para Trump nas eleições de 2020, por isso ele ignora os apelos do Fed.

Atingindo o teto da dívida, o Departamento do Tesouro dos EUA deixa de poder oferecer aos investidores novas emissões de obrigações, o que, por sua vez, afetará a posição do dólar na arena mundial: a demanda por dólares cairá porque, sem títulos da dívida pública, os investidores terão menos oportunidades de investir na moeda dos EUA.

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Entretanto, a desvalorização do dólar é apenas um pormenor em comparação com o fato de o Departamento do Tesouro poder ficar sem dinheiro já em agosto deste ano. 

Se isso acontecer, os EUA, tal como em 2011, estarão à beira do calote técnico por não serem capazes de servir suas dívidas. Em 2011, o então presidente dos EUA Barack Obama conseguiu convencer os deputados a aumentar o teto da dívida. No entanto, essa tarefa será mais difícil para Trump porque o conflito entre o presidente dos EUA e os legisladores americanos está se agravando a cada dia que passa.

"O Congresso está tentando levar Trump ao impeachment ou, pelo menos, evitar sua vitória nas próximas eleições presidenciais. Os investidores em todo o mundo estão se preparando para um evento sem precedentes, mas esperado – o calote dos EUA", concluiu o autor do artigo.

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