Autoridades sauditas planejaram e executaram o assassinato de Khashoggi, diz ONU

© AP Photo / Hasan JamaliJamal Khashoggi
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Uma relatora da ONU que investigou o assassinato na Turquia do jornalista saudita Jamal Khashoggi disse nesta quinta-feira que o assassinato foi "planejado e perpetrado" por autoridades sauditas.

Khashoggi, um colaborador do jornal The Washington Post e crítico do regime saudita, foi assassinado no consulado do reino ultraconservador em Istambul em 2 de outubro pelo que Ancara diz ter sido um esquadrão de ataque enviado de Riad.

"As evidências coletadas durante minha missão à Turquia mostram um caso em que Khashoggi foi vítima de um assassinato brutal e premeditado, planejado e perpetrado por funcionários do Estado da Arábia Saudita", declarou Agnes Callamard ao final de uma visita para a Turquia, de acordo com uma declaração da ONU.

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A Turquia diz que Khashoggi foi morto por uma equipe de 15 sauditas que o estrangularam na missão, e relatos da mídia disseram que seu corpo foi cortado e dissolvido em ácido.

Riad, depois de negar a morte por duas semanas, acabou descrevendo-a como uma operação "desonesta", mas negou qualquer envolvimento do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. Ele prendeu vários altos funcionários sauditas, mas o assassinato mergulhou o reino em uma das suas piores crises diplomáticas.

Quase quatro meses depois, o corpo de Khashoggi não foi recuperado.

O jornalista estava visitando o consulado para obter documentos para seu casamento com uma mulher turca.

"O assassinato de Jamal Khashoggi e a brutalidade da tragédia trouxeram tragédia irreversível a seus entes queridos", acrescentou Callamard, relatora especial da ONU sobre execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias.

"Também está levantando uma série de implicações internacionais que exigem a atenção urgente da comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas", completou.

'Gravação assustadora e repulsiva'

O relatório final da relatora deve ser apresentado em junho próximo ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, mas deve ser publicado algumas semanas antes, no final de maio. No documento, a relatora apresentará uma série de recomendações, que não são vinculativas.

Callamard havia se encontrado com o procurador-chefe de Istambul e com o chefe do serviço secreto turco, além dos ministros de Relações Exteriores e de Justiça da Turquia. A declaração não diz se ela teve acesso ao consulado saudita em Istambul, como ela havia solicitado.

Mas a equipe de Callamard teve acesso a "informações cruciais" sobre o assassinato do jornalista, incluindo trechos de uma gravação de áudio, descrita como "assustadora e repulsiva", nas mãos do serviço secreto turco.

Callamard disse que sua equipe não pôde realizar uma "revisão completa" deste material e não teve a chance de autenticar a gravação de forma independente.

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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, acusou neste domingo os Estados Unidos de manter "silêncio" sobre o assassinato, que prejudicou os laços do reino com Washington.

"Não consigo entender o silêncio dos Estados Unidos […] Queremos que tudo seja esclarecido porque há uma atrocidade, há um assassinato", disse Erdogan em entrevista à emissora estatal TRT. "O assassinato de Khashoggi não é comum".

Infeliz com a cooperação de Riad na investigação, Ancara pediu uma investigação internacional. Onze homens estão sendo julgados na Arábia Saudita, acusados de envolvimento no assassinato. O procurador-geral pede a pena de morte para cinco deles.

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