EUA predizem conflito militar nos Bálcãs: analistas explicam por quê

© AP Photo / Darko VojinovicManifestantes queimam a bandeira da OTAN durante protesto em Belgrado, Sérvia (imagem do arquivo)
Manifestantes queimam a bandeira da OTAN durante protesto em Belgrado, Sérvia (imagem do arquivo) - Sputnik Brasil
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Os EUA assinalam a probabilidade do início de um conflito militar nos Bálcãs neste ano e acusam a Rússia de estar pronta a usar as divergências étnicas para prevenir a absorção da Sérvia e da República Sérvia da Bósnia pela OTAN. Especialistas sérvios explicam quem e por quê procura incendiar esse "barril de pólvora".

No relatório da Inteligência Nacional dos EUA sobre ameaças potenciais à segurança mundial em 2019, além da Venezuela, Ucrânia, do México, Oriente Médio e outros assuntos globais sensíveis, os Bálcãs Ocidentais também são mencionados como uma fonte de ameaça potencial.

"Os Bálcãs Ocidentais serão sujeitos, com uma grande probabilidade, ao risco da violência de baixa intensidade e é possível o início de um conflito militar aberto durante o ano de 2019. A Rússia tentará usar a tenção étnica e o alto nível de corrupção para impedir o movimento dos países dessa região em direção à UE e OTAN", diz o documento.

O presidente russo, Vladimir Putin e o primeiro-ministro sérvio, Aleksandar Vucic - Sputnik Brasil
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A edição sérvia Danas fez um erro de tradução e interpretação do texto, chamando a Rússia de "iniciador do conflito". Porém, o analista político Aleksandar Pavic ressaltou em entrevista à Sputnik Sérvia que o relatório norte-americano não menciona a Rússia nesse sentido e que a afirmação da Danas é falsa. No entanto, o especialista não exclui a possibilidade de um conflito.

"Há bastantes chances de que algo parecido vai acontecer, já que os americanos se apresentam frequentemente como incendiários e como bombeiros ao mesmo tempo. Se eles insistirem e pressionarem a Sérvia e a República Sérvia, as empurrando para a OTAN, obrigarem Belgrado por todos os meios a assinar o acordo sobre o Kosovo, as chances de um conflito, obviamente, aumentarão", comentou ele, acrescentando que muita coisa nesse sentido depende sobretudo dos EUA e outros países ocidentais que têm influência na região.

Quanto ao papel da Rússia, Pavic assinalou que para os EUA a Rússia, bem como a China, são portadores de influência negativa independentemente da região do planeta. Na doutrina americana os dois países são apresentados como adversários estratégicos, sendo as únicas forças capazes de se opor aos EUA no palco internacional. Os Bálcãs não representam exceção, seguindo o analista.

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Para ele, os sérvios são a única coisa que estraga o cenário idílico da OTAN na Europa e todas as forças serão lançadas para fazer a Sérvia e a República Sérvia aderirem à OTAN "para criar uma ‘frente unida' contra a Rússia".

Entre os cenários possíveis para o desencadeamento de um conflito o especialista nomeia a radicalização da situação em Kosovo, atentados ou protestos provocados do exterior para fazer intervir a polícia ou o Exército. Os EUA sabem fazer isso, afirmou ele.

"É importante lembrar que se alguém apertar o ‘botão' dos Bálcãs, ele não estará em Moscou, mas em Washington, Bruxelas, Londres, Paris e Berlim", concluiu Pavic.

O cientista político Dragomir Andjelkovic sublinhou que os Bálcãs são um "barril de pólvora que é sempre incendiado de fora".

"Se falarmos de guerras nos Bálcãs, elas são como regra parte de um plano tendencioso de criar o medo e caos na região para depois usá-los para exercer pressão sobre um oponente pouco reconciliador ou para chantagem. Os conflitos armados aqui são possíveis, mas não diria que tenham uma alta probabilidade", insistiu o interlocutor da Sputnik.

Segundo a avaliação de Andjelkovic, o objetivo dos EUA é unir todos os centros de poder ocidentais e sua mobilização contra a Rússia. "Eles falam da Rússia como de um fator que pode se tornar uma fonte de problemas nos Bálcãs, mas nós sabemos bem que esses mesmos problemas nos Bálcãs foram sempre incentivados não pela Rússia, mas pelos centros ocidentais neoliberais", concluiu o analista sérvio.

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