Destino do ouro venezuelano? Casos em que riquezas alheias 'sumiram' em bancos ocidentais

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O líder da oposição Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, elogiou o Banco da Inglaterra, que se recusou a permitir que Caracas repatriasse US$ 1,2 bilhão (R$ 4,5 bilhões) em barras de ouro.

Perante o caso, a Sputnik Internacional analisou outros momentos em que os governos e bancos ocidentais congelaram ou, de forma sorrateira, se apoderaram da riqueza de outros países.

Atualmente, a Venezuela trava uma batalha perdida para conseguir de volta seu ouro que está com o Reino Unido desde o ano passado, com o Banco da Inglaterra recusando a solicitação de repatriação.

Recentemente, o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt, com aliados, apoiou Juan Guaidó, classificando o venezuelano como "a pessoa certa para levar a Venezuela adiante" e tornando o retorno do ouro venezuelano ainda mais improvável.

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A prática do congelamento ou da penhora dos bens de países que se viram contra governantes e interesses financeiros dos americanos e europeus não é algo novo.

Um relatório de 1992 das ordens de congelamento de ativos extraterritoriais pela jurista Rachel Gerstenhaber indicou mais de uma dúzia de casos de congelamento ou penhora de ativos por parte dos EUA contra países como Iraque, Panamá, Líbia, Irã, Vietnã do Sul, Cuba, Nicarágua e outros países.

A lista não inclui medidas similares executadas pelos aliados no Oeste Europeu, que, da mesma forma, privaram países de US$ 10 bilhões em fundos soberanos.

Irã

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Há 40 anos, o Irã teve seus ativos congelados durante a Revolução Iraniana contra o ditador apoiado pelos EUA, Mohammad Reza Shah Pahlavi, que foi derrotado, estabilizando a República Islâmica.

Na ocasião, os EUA romperam as relações diplomáticas e baniram as importações de petróleo iraniano, congelando aproximadamente US$ 11 bilhões em ativos.

Às vésperas do Plano de Ação Conjunto Global, mais conhecido como acordo nuclear iraniano, em 2015, os ativos bloqueados do Irã, incluindo os de 1979, foram estimados em mais de US$ 100 bilhões, sendo que cerca de US$ 32 bilhões, apenas um terço do total, poderiam ser liberados em conexão com o acordo nuclear.

Além de tudo isso, os EUA ordenaram em 2016 que os iranianos pagassem as famílias dos militares americanos mortos em combate, em 1983, em Beirute, no Líbano.

O mesmo aconteceu em 2018, quando os EUA congelaram os ativos iranianos para utilizá-los para compensar as vítimas dos atentados de 11 de setembro em Nova York.

Iraque

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Com a preparação dos americanos para invadir o Iraque em 2003, os militares americanos planejaram se apoderar de aproximadamente US$ 1,75 bilhão em ativos iraquianos, congelados em contas americanas.

A mídia americana informou diversas vezes que uma quantia em torno de US$ 10 ou 20 bilhões seria enviada ao Iraque para a reconstrução do país, entretanto, esse dinheiro desapareceu.

A auditoria do Pentágono encontrou dificuldades em calcular os valores reais, já que os valores não se igualavam, chegando a um valor de US$ 6,6 bilhões em fundos, tendo sido esse caso considerado por muitos como "o maior roubo de capital na história do país".

Líbia

A Líbia teve capital penhorado como consequência da intervenção da OTAN para derrubar o líder do país, Muammar Gaddafi. Tudo ainda permanece em mistério depois de oito anos do ataque.

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Segundo relatórios, uma quantia de aproximadamente US$ 11,4 bilhões da riqueza da Líbia desapareceu de um banco da Bélgica, restando apenas US$ 5,71 bilhões de US$ 18,2 bilhões.

Durante a administração de Obama, os EUA congelaram US$ 29,8 bilhões da Líbia. Além disso, o país sofreu com penhoras realizadas pelos britânicos, que segundo o chefe da Autoridade de Investimento da Líbia, Mahmoud Hassan Mohamed, não possuía base legal para fazer qualquer coisa com os ativos do país.

Com relação aos EUA, o líder da Líbia informou à Reuters que estava planejando nomear auditores para realizar uma auditoria de todo o sistema de seus ativos em 2019 para tentar descongelar alguns bilhões.

Caracas de ouro

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Recentemente, o jornal argentino Ambito Financiero informou que o líder da Assembleia Nacional venezuelana, Juan Guaidó, solicitou à primeira-ministra britânica Theresa May e ao presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, para não repatriar a quantia de US$ 1,2 bilhão (R$ 4,5 bilhões) em barras de ouro para Caracas.

Após a recusa britânica em atender a solicitação do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, o líder da oposição, Juan Guaidó elogiou a atitude do Banco da Inglaterra, escrevendo no Twitter que "o processo de proteção dos ativos da Venezuela iniciou", e enfatizando que a oposição "não permitiria mais abuso e roubo de dinheiro direcionado aos alimentos, remédios e ao futuro das crianças".

Caso o congelamento e penhoras de ativos ocorram como nos casos descritos acima, provavelmente, não serão os venezuelanos que decidirão o que fazer com o país, mas, sim, os governantes e bancos centrais do Ocidente.

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