'Simplesmente um impostor'
"Guaidó não é conhecido por nada, exceto por ser o chefe do Parlamento. Ele é um homem que joga abertamente pelas regras de Washington. É completamente evidente que os americanos estão apostando nele para derrubar Maduro, e ele está cooperando com os EUA", disse o especialista do Instituto Russo de Estudos Estratégicos Igor Pshenichnikov.
"Guaidó, usando a constituição, diz que quando o presidente é incapaz o presidente do parlamento passa a ser o líder, mas não este é o caso, já que ele não pode ser o líder do país devido ao fato que a Assembleia Nacional já não existe, por isso, ele é simplesmente um impostor", acrescentou Pshenichnikov.
No entanto, segundo o especialista, ele é uma figura muito conveniente para os americanos, para reconhecê-lo como presidente legítimo e assim lidar com ele, e não com Nicolás Maduro.
"Jogando em um cenário que é desenvolvido pelos americanos, Guaidó assume uma posição chave, é uma espécie de "rainha" [nesse xadrez], porque eles se apoiam nele e apelam para ele como o presidente legítimo do país", adicionou Pshenichnikov.
O especialista indica que os americanos disseram que se o atual governo fizer qualquer tipo de repressão contra os líderes da oposição, especialmente contra Guaidó, eles se reservariam todas as medidas possíveis contra as autoridades venezuelanas, e entre essas medidas poderia estar a eliminação física de Nicolás Maduro.
'Não se destacou por nada'
Yevgeny Pashentsev, diretor do Centro Internacional de Estudos Sociais e Políticos, também confirmou que Guaidó não representa uma figura política significativa.
Pashentsev indicou que o próprio fato de se declarar presidente é único. "O próprio fato do reconhecimento desse deputado pela Organização dos Estados Americanos provoca um aumento da tensão no país", acrescentou.
Segundo Pashentsev, muito depende da determinação do governo venezuelano em atuar dentro do âmbito da constituição. Vale a pena notar aqui que a Suprema Corte declarou como ilegal o fato da sua autonomeação. O papel decisivo será desempenhado pela posição do exército, não apenas das Forças Armadas, mas também dos "milicianos", de quem eles apoiarão.
Os EUA, União Europeia e uma série de países da América Latina, inclusive o Brasil, manifestaram seu apoio a Guaidó e à oposição venezuelana. Nicolás Maduro recebeu apoio da Rússia, Cuba, México, Bolívia, Nicarágua, Turquia e Irã.