Exploração lunar: um pouco de história e perspectivas práticas
A segunda metade do século XX se tornou um período importante para a exploração espacial e, particularmente, lunar. A Guerra Fria entre a União Soviética e os EUA impulsionou a corrida espacial entre as duas superpotências que, por sua vez, contribuiu para o desenvolvimento tecnológico nesse campo.
Naquela época, os especialistas já tinham entendido que a exploração lunar tem uma grande importância, porque no futuro poderia se tornar possível instalar bases espaciais no satélite natural da Terra para estudar o espaço e abrigar astronautas antes de voos a planetas mais distantes.
Em 1959, a sonda soviética Luna I (Lua em russo) se tornou a primeira sonda a sobrevoar o satélite, aproximando-se da Lua a uma distância de 6.000 quilômetros. No mesmo ano, a União Soviética lançou a sonda Luna II, que se tornou a primeira a atingir a superfície lunar. A União Soviética continuou lançando missões lunares nos anos 1960, estudando a superfície da Terra, as condições climáticas e tirando fotografias.
O dia 21 de dezembro de 1968 poderia ser considerado um dos mais importantes para a exploração lunar, porque foi então que ocorreu o primeiro voo tripulado à Lua. A missão Apolo 8, com três astronautas a bordo, consegui orbitar a Lua por dez vezes e regressar à Terra com as primeiras fotos de nosso satélite tiradas de tão perto por mãos humanas. Seis meses mais tarde foi lançada a missão estadunidense Apolo 11, tripulada pelos astronautas Neil Armstrong, Edwin Aldrin e Michael Collins, cujo objetivo era pisar na superfície lunar.
Em 21 de julho de 1969, Armstrong e Aldrin desceram à superfície da Lua com um módulo lunar. Na verdade, isso foi "um pequeno passo para um homem, um gigantesco salto para a humanidade".
Os EUA e a União Soviética realizaram várias missões lunares na primeira metade da década de 1970, mas em meados dos anos 1970 os dois países suspenderam seus programas lunares quase simultaneamente. Realizar voos à Lua era muito caro, além disso, não eram evidentes os benefícios práticos dessas missões.
Segundo vários especialistas, o novo objetivo da exploração lunar deveria ser a construção de uma base na Lua, necessária para montar naves espaciais pesadas que voariam para Marte, bem como para realizar estudos científicos e procurar recursos minerais cuja falta se sente na Terra.
Pouso no lado oculto da Lua
O evento mais importante da história da exploração lunar nos últimos anos é o primeiro pouso da história no lado oculto da Lua, que não é visível, pois a Lua está em rotação sincronizada com a Terra.
Em 8 de dezembro de 2018 o Centro de Lançamento de Satélites de Xichang, no sul da China, lançou ao espaço a sonda lunar Chang'e-4. Em 3 de janeiro, a sonda pousou pela primeira vez na história no lado oculto da Lua.
Por estar no lado oculto da Lua, a sonda não poderá comunicar diretamente com a Terra. Para solucionar esse problema, o satélite chinês Queqiao será responsável pela retransmissão dos sinais entre a Terra e a Chang'e-4.
A sonda pousou na Lua na cratera de Von Kármán, localizada na parte noroeste da maior cratera lunar, conhecida como Bacia do Polo Sul-Aitken. Astrônomos chineses planejam estudar a composição mineral da superfície lunar, bem como obter novos dados sobre o manto da Lua.
Planos das grandes potências espaciais em relação à Lua
É possível dizer que hoje em dia o mundo vive uma nova etapa da exploração lunar. Não apenas a China, mas também outras potências espaciais, especialmente a Rússia e os EUA, têm planos ligados à construção de bases lunares e à construção de estações espaciais próximas da Lua.
Uma das inciativas mais ambiciosas é o projeto russo-americano Gateway de possível criação de uma estação internacional na órbita da Lua, acordado entre a agência russa Roscosmos e a NASA em 2017.
No âmbito desse projeto, o primeiro módulo, Módulo de Propulsão de Potência, deve ser lançado em 2022. E em 2023 serão lançados o módulo de armazenamento de combustível ESPRIT e o módulo americano U.S. Utilization, um pequeno espaço pressurizado que permitirá a entrada de uma equipe para a primeira missão de montagem da Gateway.
Além disso, em novembro de 2018 o presidente da Roscosmos, Dmitry Rogozin, revelou que a agência espacial russa formará seu novo programa lunar. Segundo várias fontes, entre 2036 e 2040 a Rússia planeja instalar na Lua uma base completa para montar naves espaciais pesadas que voarão para Marte.
Planeja-se que a base russa na Lua contenha módulos capazes de proteger os cosmonautas da radiação e de disponibilizar todo o necessário para vida, centros de monitoramento espacial da Terra, instalações de abastecimento energético e de comunicação, postos para reciclagem e para utilização de substâncias e recursos naturais lunares e postos para desenvolvimento de novos equipamentos e tecnologias espaciais. Um observatório astronômico deverá rodear a base.
Quanto aos EUA, em agosto de 2018 o chefe da NASA, Jim Bridenstine, declarou que a Lua representa uma incrível base para todas as tecnologias e capacidades humanas necessárias para a sobrevivência em outros planetas. Segundo ele, a solução para explorar a Lua e ir a Marte é construir como estações espaciais plataformas que sirvam como postos avançados na órbita lunar ou para transporte para outros pontos.
Outros países também planejam prestar mais atenção à exploração lunar. A União Europeia está escolhendo um parceiro para construir uma base, enquanto a empesa Airbus está participando do projeto Gateway. O Japão, bem como a Índia, planeja enviar suas sondas à Lua nos próximos anos.
Levando em conta o interesse crescente pela exploração lunar, é possível imaginar que já em meados do século XXI, a Lua se tornaria uma espécie de sétimo continente da Terra.