Esgotamento de recursos da Terra faz cientistas buscarem salvação em asteroides

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Em 2023, sob tutela da Agência Espacial Europeia (ESA) terá início a missão espacial Hera que avaliará os resultados da primeira tentativa na história de desviar um asteroide da sua órbita. Uma análise mais detalhada do projeto mostrará a importância da missão para além da simples salvação do planeta do impacto destrutivo de um corpo celeste.

"O meteorito que caiu na Terra no fim do período do Cretáceo [cerca de 66 milhões de anos atrás] e causou a extinção dos dinossauros tinha o tamanho de vários quilômetros. Nós conhecemos 99% dos meteoritos com tamanho de mais de um quilômetro que se estão aproximando da Terra", declarou à Sputnik República Tcheca o cientista do Instituto de Geologia da Academia das Ciências tcheca, Tomas Kohout, que participa da missão.

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O meteorito de Tunguska tinha um diâmetro de 50 metros, o de Chelyabinsk — uns 20 metros, afirmou o cientista, assinalando que até 20 metros é possivelmente o limite a partir do qual o asteroide não representa uma ameaça séria, mas a comunidade cientifica conhece apenas 1% desses asteroides pequenos.

Se os astrônomos detectarem um asteroide perigoso que possa atingir a Terra, será necessário encontrar um modo de salvar o nosso planeta. Então, os cientistas começaram a pensar sobre como mudar a trajetória dos asteroides potencialmente perigosos.

A NASA e a ESA criaram o projeto AIDA (Asteroid Impact & Deflection Assessment), no âmbito do qual elas tentarão alterar a trajetória do asteroide e efetuar uma análise minuciosa de todo o experimento.

Em 2022, a sonda norte-americana DART colidirá com o asteroide Didymos, que está a uma distância de 10,6 milhões de quilômetros da Terra. A sonda europeia investigará o tamanho da cratera provocada no asteroide pela DART, afirmou Kohout.

O satélite miniaturizado APEX, desenvolvido por um consórcio europeu com participação do Instituto de Geologia da Academia das Ciências tcheca e da empresa tcheca Space Systems Czech, realizará uma análise detalhada da superfície e da estrutura interna do asteroide. O pequeno tamanho da APEX permitirá efetuar as manobras mais perigosas em uma órbita muito mais baixa, inclusive tentar pousar.

© Foto / Instituto de Física Espacial da SuéciaSatélite miniaturizado APEX
Satélite miniaturizado APEX - Sputnik Brasil
Satélite miniaturizado APEX

"Também queremos verificar se podemos usar tais sondas pequenas no futuro para estudar planetas ou asteroides. Sendo pequeno, ele também é mais barato", esclareceu Kohout.

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O projeto AIDA parece um pouco estranho, já que a DART voa para o asteroide de modo quase cego. Mesmo sendo a observação do Didymos controlada a partir da Terra, a missão Hera obterá dados mais detalhados sobre a composição e peso do asteroide.

A análise do impacto é muito importante para avaliar o desvio do asteroide da sua trajetória, para enxergar debaixo da superfície do asteroide e para uma potencial extração de matérias-primas que podem se esgotar na Terra.

"Em geral, a superfície de corpos celestes sem atmosfera é submetida à ação do vento solar. Acontece a assim chamada erosão espacial. Graças ao sensor da DART será possível ver a diferença entre a superfície fresca, formada em resultado do impacto, e a que sofreu erosão", ressaltou o cientista tcheco.

Hoje predomina a tendência de rejeição do combustível fóssil e de uso de mais energia elétrica, o que exige muitos metais nobres para baterias, magnetos e motores, segundo Kohout. Mas os metais nobres estão concentrados no núcleo terrestre, e daqui a 10-20 a sua quantidade na crosta terrestre será insuficiente para satisfazer o consumo de eletrônica ou baterias, assinalou.

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Porém, os elementos necessários existem na superfície de asteroides por causa das peculiaridades da sua formação.

"Daqui a algumas décadas nós seremos obrigados a buscar onde obter recursos adicionais para a nossa civilização. Os asteroides são um dos lugares onde os poderíamos encontrar", declarou Kohout.

De acordo com a base de dados Asterank, que inclui a lista de asteroides que podem ser usados potencialmente, o Didymos ocupa o quinto lugar do ponto de vista econômico. A APEX deve revelar quanto ferro e níquel há no Didymos.

"No futuro, se alguém quiser usar asteroides, poderá escolher entre várias variantes e realizar uma missão de investigação, composta por várias sondas pequenas que chegarão aos asteroides escolhidos e os analisarão. Nós estamos no processo de desenvolvimento dessa tecnologia", concluiu Kohout.

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