Israel passa a proibir e processar praticantes beduínos da poligamia

© AP Photo / Tsafrir AbayovHomem beduíno atravessa a aldeia de Umm Al-Hiran no deserto de Negev, Israel
Homem beduíno atravessa a aldeia de Umm Al-Hiran no deserto de Negev, Israel - Sputnik Brasil
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Israel anunciou que vai reprimir a poligamia entre os beduínos do país, alertando que quem for pego na prática poderá ser processado. A nova regra coincide com planos governamentais em investir no sul israelense, local onde vivem a maioria dos beduínos nacionais.

A iniciativa é coordenada pela diretora-geral do Ministério da Justiça de Israel, Emi Palmor. À agência de notícias AP, Palmor disse que tentará "aplicar a lei" e que precisará da "contribuição da comunidade".

"A comunidade beduína é o único lugar neste país onde a poligamia é legítima, em voz alta, exposta e ninguém tem vergonha. É uma questão delicada, mas tem que acabar", disse Palmor, acrescentando ela passou dois anos pesquisando a questão e discutindo-o com ativistas beduínos.

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Além disso, ela disse que a campanha está alinhada com o esforço do governo em desenvolver o deserto de Negev, no sul do país, região onde vivem atualmente a maioria dos beduínos. Citando investimentos no local, Palmor disse que o governo percebeu que "se quisermos construir indústrias e bases militares e fazer o sul crescer, o progresso deve incluir os beduínos".

A diretora rejeitou as alegações de que sua campanha é politicamente motivada, citando o apoio do advogado de direitos humanos dos beduínos, Insaf Abu-Shareb.

"Estamos esperando há 70 anos, e quanto mais tempo o governo não fizer nada, mais difícil será mudar a poligamia. Se eu quiser melhorar a situação das mulheres beduínas, preciso trabalhar com elas", destacou Abu-Shareb.

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A maioria dos beduínos, no entanto, teme que a decisão do governo de reprimir os polígamos na verdade tenha como objetivo remover a comunidade de seus territórios ancestrais e abrir caminho para a construção de assentamentos judaicos.

"Estamos sempre ouvindo falar sobre orçamentos bilionários, mas só vemos mais demolições, mais policiais e mais assentamentos judaicos", disse o advogado beduíno Khalil Alamour, citado pela AP.

Cerca de 190 mil pessoas, ou 3,5% dos cidadãos israelenses, são beduínos. 30% dos homens beduínos praticam atualmente a poligamia, mas a taxa pode chegar a 60% em algumas aldeias beduínas do deserto de Negev.

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