Por que Venezuela não sairá da crise em breve mesmo se oposição chegar ao poder?

© REUTERS / Marco BelloNicolás Maduro, presidente de Venezuela
Nicolás Maduro, presidente de Venezuela - Sputnik Brasil
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O professor da Universidade de São Petersburgo, Viktor Jeifets, falou com o serviço russo da Rádio Sputnik e avaliou os problemas econômicos da Venezuela e quanto custaria para resolvê-los.

O presidente venezuelano Nicolás Maduro posiciona hoje o país como um polo alternativo regional, porém a crise econômica e queda de preços do petróleo enfraqueceram o seu poder, opina Jeifets, acrescentando que a imagem da Venezuela vem se deteriorando nos últimos anos.

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Se anteriormente a Venezuela era capaz de avançar seus programas no palco regional, inclusive graças aos preços altos de petróleo, hoje em dia esse país é o símbolo da crise migratória e novos governos dos países vizinhos não estão dispostos a apoiar às autoridades atuais venezuelanas, comentou.

Respondendo à pergunta sobre a crise migratória e econômica em geral na Venezuela, o especialista russo afirmou que ela não acabará em breve pelo simples fato de o país não ter dinheiro.

"Para retirar a Venezuela da crise é necessário gastar pelo menos 25 bilhões de dólares [R$ 92,5 bilhões] no primeiro ano e ainda 20 bilhões de dólares [R$ 74 bilhões] anuais nos próximos três ou quatro anos, mas ninguém está disposto a investir tanto dinheiro na Venezuela", ressaltou o analista.

Se oposição chegar ao poder, a situação não mudará significativamente, visto que a Venezuela continuaria precisando dos bilhões, que não seriam dados pelos EUA, de acordo com Jeifets.

"Quaisquer que sejam as mudanças no poder, o modelo econômico é precário, que, a propósito, era pouco eficaz ainda antes de [ex-presidente da Venezuela Hugo] Chávez", disse o especialista, esclarecendo que o problema apareceu quando as autoridades venezuelanas criaram a economia completamente dependente do petróleo (até 90%).

Além disso, a Venezuela agora tem outro problema — o país quase não recebe dinheiro do fornecimento de petróleo ao exterior, já que a maioria das somas vai para pagamento de créditos, principalmente chineses. Apenas dois países pagam à Venezuela com dinheiro real, são a Índia e os EUA.

"Frente anti-Venezuela"

No entanto, o rumo político de Maduro não se encaixa no rumo político norte-americano, o que indigna Washington, de acordo com Jeifets. A Casa Branca não reconhece as últimas eleições presidenciais e exige realização de novas eleições e ampliação dos direitos da oposição, mas Caracas não está de acordo.

A quantidade de países da América Latina que estão prontos para pressionar ainda mais Maduro está crescendo. Para exemplificar, o analista indica o Brasil. O governo anterior brasileiro, mesmo não concordando completamente com Chávez e Maduro, os aguentava, mas o presidente atual Jair Bolsonaro deu claramente a entender que considera não democrático o governo venezuelano.

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Por outro lado, o especialista destaca que a "frente anti-Venezuela na América Latina não é unida". Assim, o México se recusou a assinar a declaração do Grupo de Lima que insta Maduro a não tomar posse de seu novo mandato e pedir uma nova eleição presidencial. O México vai enviar um representante à posse de Maduro, visto que anteriormente Maduro estava presente na posse do presidente mexicano.

Jeifets afirma que o posicionamento mexicano não contradiz o rumo da política externa mexicana, país que não quer envolvimento de outros governos em seus assuntos internos, como também não quer se envolver nos assuntos internos de outros países.

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