Como o grande avanço dos mísseis russos pode mudar o equilíbrio de forças no mundo?

© Sputnik / Grigory Sysoev / Acessar o banco de imagensCaça MiG-31 com mísseis hipersônicos Kinzhal
Caça MiG-31 com mísseis hipersônicos Kinzhal - Sputnik Brasil
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O analista militar Mikhaiv Bolshakov analisa por que os novos sistemas de mísseis são capazes de mudar o equilíbrio de forças no mundo a favor da Rússia.

O S-500, 'dois em um' 

O nome oficial do novo sistema de defesa antiaérea russo é S-500 Prometey. A maioria das caraterísticas do novo sistema ainda permanece desconhecida. Entretanto, já se sabe que o Prometey será capaz de atacar alvos a uma altura de 95-97 quilômetros, o que é inalcançável para outros sistemas existentes. Isso significa que o sistema não só pode neutralizar mísseis de cruzeiro e aviões inimigos, mas também interceptar ogivas de mísseis balísticos fora da atmosfera.

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Além disso, os mísseis S-500 de ogivas manobráveis e suas próprias estações de radar podem ser usados para destruir alvos espaciais com um ataque cinético a uma altura de 200 km, na zona de movimento dos blocos de combate de mísseis balísticos intercontinentais e mísseis de médio alcance. É um sistema capaz de atacar mísseis balísticos na parte mais vulnerável: o trecho de aceleração antes de as ogivas se separarem e os alvos falsos serem libertados.

O sistema pode interceptar independentemente os mísseis balísticos de alcance intermediário de até 3.500 km. Além disso, a altura da zona efetiva de destruição permite-lhe derrubar satélites de reconhecimento no espaço próximo.

Essas capacidades do S-500 o colocam em um nível fundamentalmente superior em comparação com os sistemas de defesa antiaérea fabricados em outros países. O Prometey oferece a oportunidade de se defender contra todas as ameaças decorrentes da violação do equilíbrio de mísseis que surgiu como resultado dos planos dos EUA de se retirarem do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês), sublinhou o colunista da Vzglyad.

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No futuro próximo, o Exército, a Força Aeroespacial e a Marinha russos receberão duas novidades hipersônicas: o Kinzhal Kh-47M2 e o míssil antinavio Tsirkon 3M22.

O míssil Kinzhal pode atacar com alta precisão tanto alvos terrestres como grandes navios de superfície inimigos: porta-aviões, cruzadores, destróieres e fragatas. De acordo com a estatal russa Corporação Aeronáutica Unida, o Kinzhal é uma versão modificada do míssil balístico do sistema Iskander adaptada para lançamento a partir de bombardeiros Tu-22M3 e caças MiG-31K.

Os aviões modernizados para lançar este míssil, na realidade, servem como sua primeira etapa, lançando-o fora das camadas densas da atmosfera em altitudes de 12.000 a 15.000 metros. O voo independente do míssil é realizado no limite da estratosfera para evitar uma resistência significativa do ar, o que o torna inacessível para os sistemas de defesa antiaérea convencionais.

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Além disso, foi resolvida a tarefa de criar um motor a reação hipersônico. Assim, o Tsirkon se torna o primeiro míssil de cruzeiro hipersônico em série do mundo. Devido a essas inovações técnicas, o Tsirkon pode substituir os mísseis antiaéreos supersônicos P-800 Oniks e Kalibr 3M54.

Com a chegada do Tsirkon, a presença de grupos de porta-aviões de um potencial inimigo perto da costa russa torna-se pura aventura: esses mísseis os destruiriam em menos de dez minutos a uma distância de 1.000 km, adverte Bolshakov.

Sarmat para substituir Satã

Devido à deterioração das relações russo-ucranianas, o fabricante do míssil Satã, a empresa ucraniana Yuzhmash, se recusou a prestar o serviço de manutenção de garantia dos sistemas de mísseis.

Então, a Rússia desenvolveu o Sarmat. Seu alcance tem dois modos: de 16.000 km com uma carga útil de 5 toneladas e de 9.000-10.000 km com uma carga útil de 10 toneladas. Esse alcance permite o lançamento do novo Sarmat desde as profundezas do território russo, o que torna praticamente impossível sua interceptação no trecho ativo.

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Os mísseis balísticos pesados são uma "dor de cabeça" para qualquer sistema de defesa antimíssil. Um míssil tão poderoso pode levar à trajetória balística não apenas um número impressionante de ogivas separáveis, mas também alvos falsos, interceptadores, silenciadores de sinais de satélite e radares antimísseis.

Mesmo só um dos mísseis mencionados seria suficiente para garantir a capacidade de defesa global da Rússia. Mas em 2018, no arsenal das Forças Armadas russas apareceram quatro desenvolvimentos únicos, cada um dos quais é capaz de manter um equilíbrio de poder no mundo, o que, curiosamente, sempre foi um equilíbrio para alcançar uma paz duradoura nas relações entre as superpotências, conclui Bolshakov.

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