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Comércio entre Brasil e Israel ganhará força com Bolsonaro, afirma empresário

© AFP 2023 / NELSON ALMEIDABandeiras do Brasil e de Israel
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A relação comercial entre Brasil e Israel vai ganhar um novo impulso com a chegada ao poder do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), afirmou à Sputnik o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Israel, Jayme Blay.

"Os homens de negócios são pragmáticos em todas as partes do mundo, embora não houvesse afinidade com o governo anterior [em referência ao Partido dos Trabalhadores], os governos fluíram da mesma forma. Talvez agora que esteja acelerado, talvez exista mais atenção, e [Bolsonaro] é um incentivo", disse Blay.

No momento, Bolsonaro já mostrou numerosos sinais de proximidade com Israel: no ano passado ele foi batizado no rio Jordão por um pastor evangélico, e tanto ele quanto seus filhos costumam elogiar as Forças Armadas de Israel e a agência de inteligência Mossad.

Em 29 de dezembro, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se encontrará com Bolsonaro no Rio de Janeiro, no que se trata da primeira vinda de um premiê de Israel ao país.

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A visita tem a ver com a promessa de transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, uma medida que já está gerando inquietação nos países árabes, mas que foi confirmada por Bolsonaro assim que ele ganhou as eleições, e mais recentemente reafirmado por um dos seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

"Não digo que é algo totalmente irrelevante, tem um simbolismo, mas não é o que faz o maquinário funcionar em uma direção. Depende mais de um governo para incentivar as economias a serem aproveitadas ao máximo", comentou o representante da Câmara de Comércio.

Blay prefere não comentar sobre questões diplomáticas e insiste que a relação entre os dois países é intensa, mas que tem potencial para crescer.

"As duas economias são complementares, não há conflito entre elas. Israel é exportador de tecnologia, produz muita inovação, (e) o Brasil pode usá-lo em seu favor, como vem fazendo no setor agrícola, por exemplo", analisou.

Água e armas

Israel, um dos países mais áridos do mundo, é conhecido por seus sofisticados sistemas de irrigação, dessalinização ou uso de sementes resistentes à seca, os quais, aplicados ao empobrecido e seco nordeste do Brasil, geram "enormes expectativas", considerou Blay.

Outro setor em que Israel tem muito potencial de crescimento no Brasil é o da defesa e do armamento.

A segurança é uma das bandeiras de Bolsonaro e entre suas promessas está a de melhorar os armamentos das Forças Armadas e facilitar o acesso às armas para a população, o que gera entusiasmo na indústria de armas.

"Desde a sua fundação, Israel tem sido constantemente assediado e teve que se defender de ataques, tecnologias muito especiais foram desenvolvidas, que podem ser colocadas à disposição das autoridades brasileiras para combater o terrorismo, contrabando, infiltração nas fronteiras […] É um segmento que pode realmente ser muito rentável", acredita Blay.

O avanço dos aliados de Bolsonaro nos governos dos estados brasileiros (que têm as competências em termos de segurança) já está dando os primeiros frutos nesse sentido.

No início de dezembro, o governador eleito do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), que venceu as eleições apresentando-se como candidato de Bolsonaro, viajou para Israel em busca de drones equipados com armas que que podem disparar tiros, de acordo com a imprensa local.

Segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio do Brasil, entre janeiro e novembro deste ano o país exportou para Israel produtos no valor de US$ 292,99 milhões, e importou mercadorias do Oriente Médio por US$ 1,060 bilhão de dólares – quase 30% a mais que no mesmo período do ano passado.

Israel exporta para o Brasil principalmente cloreto de potássio (28% do total) e produtos destinados ao campo, como inseticidas e herbicidas, que respondem por 24% das exportações.

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O Brasil, por outro lado, envia para Israel carne bovina (22%) e soja (20%).

Em 2007, Israel assinou um acordo de livre comércio com o Mercosul (um bloco econômico formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, com a Venezuela suspensa). No entanto, Blay acredita que o acordo estava "adormecido" devido à falta de vontade política e obstáculos burocráticos no Brasil, então ele espera que o próximo presidente repare a situação.

Contudo, a aproximação com Israel poderia custar ao Brasil o boicote comercial dos países árabes, como lembra Paulo Sergio Wrobel, professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC).

"Se Bolsonaro acabar movendo a embaixada, mas talvez o custo político seja muito alto. Não faz parte da tradição brasileira levar a cabo mudanças tão radicais na política externa", alertou.

Até agora, o Brasil sempre esteve equidistante do conflito do Oriente Médio e havia pedido a Israel e à Palestina que chegassem a uma solução conjunta baseada no diálogo dentro da estrutura das Nações Unidas.

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