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Qual é o futuro do BRICS na era Bolsonaro?

© REUTERS / Wu Hong/PoolA staff worker walks past the national flags of Brazil, Russia, China, South Africa and India before a group photo during the BRICS Summit at the Xiamen International Conference and Exhibition Center in Xiamen, southeastern China's Fujian Province, China September 4, 2017
A staff worker walks past the national flags of Brazil, Russia, China, South Africa and India before a group photo during the BRICS Summit at the Xiamen International Conference and Exhibition Center in Xiamen, southeastern China's Fujian Province, China September 4, 2017 - Sputnik Brasil
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No mesmo ano que o Brasil assume a presidência rotativa do BRICS, a chegada do novo governo e a indicação de um maior alinhamento com EUA e Europa levantam uma incógnita sobre o futuro do país no bloco. A Sputnik Brasil conversou com especialistas sobre as perspectivas do Brasil no âmbito do BRICS.

Oficialmente, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, ainda não deu claros indicativos sobre o que pensa a respeito dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Mas, por meio de Temer durante a cúpula do G20, o presidente eleito teria informado aos demais parceiros do bloco que terá "enorme prazer" de recebê-los em 2019, quando o Brasil sedia a 10ª cúpula do grupo.

30 de novembro de 2018. O presidente Vladimir Putin durante a fotografia conjunta dos líderes do BRICS à margem da Cúpula do G20 em Buenos Aires. À esquerda: o presidente brasileiro Michel Temer. Da direita para a esquerda: o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, o presidente da China, Xi Jinping, e o presidente da  África do Sul, Cyril Ramaphoz. - Sputnik Brasil
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O especialista em BRICS e professor de Relações Internacionais do Colégio Militar de Porto Alegre, Diego Pautasso, em entrevista à Sputnik Brasil, afirmou que os indícios do novo governo de reorientar a política externa podem afetar as relações do Brasil dentro do bloco, mas destacou que o Itamaraty tende a manter certa continuidade. 

"É preciso considerar em dois níveis. No primeiro nível, existe no Itamaraty uma certa relação entre políticas de Estado e políticas de governo. Ou seja, por mais que haja mudança no executivo, o Itamaraty é um corpo de funcionários estatais que tende a manter uma certa continuidade, embora seja natural que todo governo imprima suas características e suas prioridades", declarou. 

Por outro lado, de acordo com ele, "num segundo nível é preciso compreender como o governo Bolsonaro, o chanceler escolhido e alguns outros assessores e próximos do Bolsonaro, como o seu próprio filho, vão influenciar a tomada de decisão e as escolhas no âmbito internacional". 

"Se nós tomarmos como indicativo as falas do presidente, as falas do ministro das Relações Exteriores, e do Eduardo Bolsonaro, a tendência é de um realinhamento frente aos EUA, um distanciamento do BRICS e do eixo sul-sul, deixando de ser prioritário na política brasileira, e também sem grande importância no âmbito da África e da América do Sul. É o que me parece", opinou o especialista.

Pautasso acredita que tal mudança de posicionamento pode afetar as relações bilaterais do Brasil dentro do bloco, em particular a China, que é hoje o maior parceiro comercial do Brasil.

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"Na política de uma forma geral, e nas relações internacionais de um modo específico, você não joga xadrez sozinho. Cada movimento é seguido de uma resposta dos outros atores. E o Brasil, embora seja um ator relevante, esses outros atores são tão ou mais relevantes, como a Rússia e a China. Portanto as posições erráticas do Brasil na política exterior podem ser respondidas com retaliação, com respostas que podem ser mais duras ou mais amenas dependendo da reciprocidade ao ato praticado", concluiu. 

Já o diretor-presidente da empresa de consultoria econômica Troia Intelligence, Ricardo Gennari, disse à Sputnik Brasil que as indicações de mudança na política externa do governo do presidente eleito Jair Bolsonaro podem abrir novas perspectivas favoráveis de parceiros, citando Israel como exemplo.   

"A gente tem que incluir [entre os novos parceiros do Brasil] Israel. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, já confirmou a vinda ao Brasil, onde vai ficar 5 dias, e claro que vai abrir algumas situações mais favoráveis. Um dos maiores parceiros nossos continuam sendo os EUA, é um parceiro superimportante, porém acho que na geopolítica, do meu ponto de vista, a gente vai ter algumas alterações", argumentou.

30 de novembro de 2018. O presidente Vladimir Putin durante a fotografia conjunta dos líderes do BRICS à margem da Cúpula do G20 em Buenos Aires. À esquerda: o presidente brasileiro Michel Temer. Da direita para a esquerda: o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, o presidente da China, Xi Jinping, e o presidente da  África do Sul, Cyril Ramaphoz. - Sputnik Brasil
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Segundo ele, o Brasil não diminuirá a sua participação no BRICS, mas terá uma atuação mais contida no grupo, restringindo-se ao trabalho diplomático, mas sem realizar grandes investimentos. 

"Primeiro, porque nós estamos com R$ 150 bilhões de déficit. Então o próprio ministro Paulo Guedes [da Economia, no próximo governo] já vem falando que provavelmente a gente usará as reservas de dólar que nós temos para amenizar o problema econômico do Brasil", observou. 

Ricardo Gennari, por outro lado, não deixou de destacar que o grupo BRICS é uma plataforma muito importante no âmbito dos negócios, inovação e investimentos. 

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