Pior ano para investidores: que fatores causam volatilidade enorme nas bolsas globais?

© AFP 2023 / BRYAN R. SMITHBolsa de valores de Nova York, 17 de outubro 2018
Bolsa de valores de Nova York, 17 de outubro 2018 - Sputnik Brasil
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Enquanto as bolsas mundiais entraram em uma fase de alta volatilidade, os analistas consideram 2018 como o pior ano para os investidores desde o início do século ХХ. A Sputnik explica que fatores causaram uma enorme onda de volatilidade nos mercados de valores globais e suas consequências para a economia global.

Mercado estadunidense

Sendo a maior economia mundial com o mercado financeiro mais desenvolvido, os EUA ditam o tom para outros mercados financeiros globais. O ano de 2018 não foi o melhor para as bolsas estadunidenses. Ao longo dos últimos meses o mercado de ações dos EUA tem vivido uma série de quedas, nas quais os principais índices bolsistas caíram significativamente.

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Mas o que é que causou essa onda de volatilidade? Segundo os analistas há várias razões que causaram inafastabilidade nos mercados globais.

O principal problema é a incerteza geopolítica e econômica, nomeadamente a guerra comercial entre os EUA e a China e as tarifas de importação sobre o aço e alumínio, que já levaram ao aumento dos custos de produção para as empresas de quase todos os setores da economia norte-americana, enquanto uma ameaça de agravamento das tensões provoca desconfiança entre os investidores.

No fim de novembro, a situação se estabilizou e as bolsas de valores até fecharam em alta graças à moratória de 90 dias na introdução das tarifas sobre produtos importados da China, acordada entre Washington e Pequim. Entretanto, depois que o presidente dos EUA Donald Trump declarou na sua conta no Twitter que ele é o "Homem das Tarifas", os mercados fecharam em baixa novamente.

Depois de uma grave queda bolsista em 10 de dezembro, Trump revelou que suas "conversações com a China estão sendo bastante produtivas e que haverá anúncios importantes brevemente". Com uma expetativa positiva sobre o comércio, algumas bolsas norte-americanas fecharam em alta nos últimos dois dias. Entretanto, qualquer passo imprudente poderia levar a uma nova queda bolsista, porque em geral a situação é instável. Por exemplo, em 11 de dezembro Trump ameaçou paralisar o governo se não conseguir fundos suficientes para a construção do muro na fronteira com o México, o que, por sua vez, levou às quedas dos índices Dow Jones e S&P 500.

O próprio Trump acredita que é a Reserva Federal (Fed, banco central dos EUA) a responsável pela queda nas bolsas devido à sua política de aumento de taxa de juros. A elevação da taxa de juros leva ao aumento do custo de financiamento das empresas. Tendo em consideração que a maioria das empresas norte-americanas vive a crédito, as consequências do aumento do custo da dívida poderiam ser verdadeiramente graves. A próxima reunião da Reserva Federal será realiza em 19 de dezembro. Espera-se que as taxas sejam elevadas mais uma vez – pela quarta vez este ano.

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Mais um sinal alarmante para toda economia dos EUA é a reversão na curva de rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA: o rendimento dos valores mais curtos superou as taxas dos mais longos. Isso significa que o mercado em geral teme um aumento excessivo nas taxas de juros. A reversão dos rendimentos entre os valores de dez anos e de dois anos precedeu cada uma das nove recessões dos EUA desde 1955.

Situação global

Na época de globalização todos os mercados financeiros estão interligados, por isso as bolsas em todo o mundo não conseguem evitar os sinais negativos lançados pelo mercado norte-americano. O efeito dominó atingiu as principais bolsas asiáticas, europeias e latino-americanas.

Entretanto, essa espécie de incredibilidade dos investidores na economia estadunidense não é a única razão das quedas nas bolsas globais. Os principais atores globais têm problemas internos que causam situações desfavoráveis nos seus mercados de valores.

Por exemplo, no início de dezembro os dados oficiais mostraram que a disputa comercial entre Washington e Pequim enfraqueceu a balança comercial da China. O Japão publicou dados, segundo os quais no terceiro trimestre de 2018 a economia japonesa registrou a maior contração em mais de quatro anos.

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A Europa também enfrenta problemas internos. Na França, o presidente Emmanuel Macron decretou o estado de emergência devido aos protestos dos "coletes amarelos". No Reino Unido a história com o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, está longe de acabar, causando incerteza sobre o futuro do setor financeiro do país. Todos esses fatores afetam os mercados de ações.

O mercado financeiro russo, por sua vez, foi afetado pela desvalorização do rublo e pela ameaça de introdução de novas sanções por parte dos EUA.

Quanto ao Brasil, a volatilidade observada no mercado externo influencia o mercado de valores brasileiro. Nos últimos dias, o Ibovespa tem fechado em alta graças ao tom de alívio nas tensões comerciais sino-estadunidenses.

O que esperar no futuro próximo? 

Tradicionalmente, em dezembro os mercados financeiros estão em alta – o chamado rali de Natal. Entretanto, levando em conta a situação atual nas bolsas mundiais, 2018 poderia ficar sem rali de Natal.

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Além disso, 2018 poderia se tornar o pior ano para os investidores. Segundo The Wall Street Journal, em 2018 uns 90% dos investimentos em ações, obrigações, commodities e metais causaram perdas para os investidores, o que é o pior resultado desde o início do século ХХ. Em comparação com o ano passado, a cota-parte dos ativos que dão prejuízo aumentou 90 vezes.

Analistas têm opiniões diferentes sobre os prazos de uma nova crise financeira. Por um lado, há quem tenha certeza que a crise financeira de grande escala vai rebentar já em 2019. Por outro lado, há analistas que acreditam que a crise global poderia ocorrer mais tarde. Na verdade, é praticamente impossível prever a data exata do início de uma nova recessão global. Entretanto, hoje em dia, os mercados financeiros dão os sinais acima mencionados que uma nova crise estaria por vir.

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