China está a caminho da monopolização do 'petróleo do século XXI'

© Sputnik / Ruslan KrivobokLítio tem sido chamado de "petróleo branco" (imagem referencial)
Lítio tem sido chamado de petróleo branco (imagem referencial) - Sputnik Brasil
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A gigante chinesa de lítio Tianqi comprou da canadense Nutrien 23,77% das ações da chilena SQM, exploradora de um dos maiores depósitos de lítio do mundo. O passo dado aproxima a China do monopólio no mercado de mineração de lítio.

O lítio é um metal utilizado na fabricação de baterias usadas em muitos produtos eletrônicos, dentre eles smartphones e carros elétricos, produtos esses que põem a China em posição privilegiada no mercado mundial.

Atualmente a SQM é a maior produtora mundial de lítio, sendo responsável por quase um quarto da produção global. Não se deve se esquecer da gigante australiana de lítio Albemarle, na qual a Tianqi chinesa também tem uma participação. Se acrescentarmos a mineração interna, a empresa chinesa controla 70% de todo o mercado mundial do metal.

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A própria China é rica em lítio, e se destaca na fabricação de dispositivos eletrônicos, computadores e veículos elétricos. O país tem a quinta maior reserva do mundo, mas 80% do metal, consumido pelo gigante asiático, são importados.

"Dado que a China é uma fábrica global, é necessário satisfazer não só a demanda interna deste metal, mas também usá-lo para produtos que têm demanda em todo o mundo", explicou à Sputnik Liu Ying, pesquisador do Instituto Chongyang de Pesquisa Financeira da Universidade Popular da China.

Segundo o especialista, as fabricantes estrangeiras de lítio estão muito interessadas em cooperar com as empresas chinesas, porque com o aumento da demanda de produtos chineses, aumentam os preços das matérias-primas. Vale destacar que até mesmo mineradoras de lítio de outros países saem ganhando.

"A extração de lítio chileno e seu fornecimento à China proporcionam matéria-prima para produção de baterias chinesas, que alimentam smartphones e carros por todo o mundo. Trata-se de um processo de cooperação estreita entre cadeias de produção globais, cadeias de valor e fornecimentos", adicionou.

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Mas a importação chinesa de lítio possui outros objetivos. A extração do metal possui um custo ambiental elevado e pode causar danos ao ambiente. Poluição é gerada, e não apenas a partir de combustíveis fósseis, mas também das usinas de lítio que produzem dióxido de enxofre.

Além disso, os maiores depósitos de lítio da China estão geograficamente localizados em lugares que são muito remotos e montanhosos. Os lagos de lítio, localizados em Xangai e Tibete, contêm, de acordo com estimativas, até 80% de todas as reservas do metal no país, em regiões de difícil acesso.

Todos estes fatores tornam desvantajosa a extração mineral nestas regiões. Mesmo assim, Liu Ying está confiante de que "a demanda do lítio só crescerá no futuro".

"O mundo está abandonando aos poucos o petróleo por novas fontes de energia, principalmente eletricidade. Sem contar que ainda não foram inventadas melhores alternativas para produção de baterias. É certo que o lítio pode se converter no ‘petróleo do século XXI', ou seja, monopolização deste mercado é uma perspectiva muito atrativa. Além do mais, há muito menos lítio na Terra do que hidrocarbonetos", concluiu.

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