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Brasil pode perder dinheiro por não combater terrorismo, aponta especialista

© REUTERS / Daniel DereveckiO futuro ministro da Justiça e da Segurança Pública Sergio Moro.
O futuro ministro da Justiça e da Segurança Pública Sergio Moro. - Sputnik Brasil
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O Congresso Nacional tem até o fim deste ano para alinhar a legislação brasileira com o combate ao terrorismo e à lavagem de dinheiro da Organização das Nações Unidas (ONU). Caso contrário, o país pode ser o primeiro a ser suspenso do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI).

O PL 10.431/2018 está em tramitação desde junho, mas ganhou carimbo de urgência há dez dias. O projeto tem sofrido pressões do futuro ministro da Justiça Sérgio Moro, do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e de seu sucessor no cargo, Roberto Campos Neto.

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O motivo de tanta preocupação, segundo Ricardo Cabral, pesquisador da Escola de Guerra Naval e especialista em questões internacionais relacionadas ao combate ao terrorismo, é que a  suspensão pode levar o Brasil a perder contratos e financiamentos com bancos e entidades internacionais.

"Você sai dessa lista de países que não seguem essas normas de boa governança, imediatamente isso te causa um problema. Porque o fluxo externo, o investimento externo direto vem através de bancos e entidades governamentais, você não recebe mais dinheiro disso. Existe legislação no Reino Unido, nos Estados Unidos e na Europa que você não vai transacionar com outros países se eles não aderirem a essas normas", explicou.

Além do prejuízo financeiro, uma eventual suspensão do grupo traz danos à imagem brasileira e coloca o país no mesmo grupo de nações que são acusadas de apoiar organizações terroristas.

"Você é igualado a países como Cuba, Sudão, Líbia, Irã, Coreia do Norte. É um negócio de falta de sensibilidade política, de sensibilidade a essa segurança das pessoas", afirmou.

Ricardo Cabral apontou que o projeto estabelece um processo legal para que o Brasil consiga de fato confiscar e bloquear ativos financeiros de grupos que supostamente financiam o terrorismo.

"Esse projeto de lei é justamente para fazer com que a lei que existia, a lei anterior, que dizia que nós tínhamos que seguir o que a ONU determina, mas que cada medida desta lei deverá ser acompanhada de um devido processo legal. Aqui no Brasil, ou seja, no caso da Procuradoria Geral da União, começaria o plano para somar as medidas que levassem ao bloqueio dessas fluxos financeiros e confisco desse patrimônio", comentou.

Setores da oposição temem, no entanto, que a lei possa servir de base para que se criminalize movimentos sociais. A justificativa se dá por conta de um dispositivo do artigo terceiro que diz não explica claramente como que se dará o bloqueio de bens.

"Isso é uma visão bastante equivocada porque, na verdade, o artigo não fala isso. O artigo não estabelece isso e a questão toda me parece mais aquela questão da oposição pela oposição e que não diz respeito ao que estamos discutindo de fundo", disse Cabral.

A próxima reunião do GAFI está marcada para fevereiro e lá podem ser decididas as punições caso o Brasil não cumpra o exigido no que diz respeito ao combate ao terrorismo.

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