Como saída do Qatar da OPEP mudará mercado de combustíveis? Analistas explicam

© Sputnik / Abdulkader KhadjDoha, capital do Qatar
Doha, capital do Qatar - Sputnik Brasil
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O Qatar anunciou nesta segunda-feira (3) a saída do país da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) a partir de janeiro de 2019, afirmando que quer se concentrar na produção de gás natural liquefeito. Analistas comentaram à Sputnik como a decisão de Doha influenciará os mercados de combustíveis.

Susan Sakmar, professora de direito na Universidade de Houston e autora do livro "Energia para o Século 21: Oportunidades e Desafios para o GNL" (Energy for the 21st Century: Opportunities and Challenges for LNG, em inglês) acredita que, ao sair da OPEP, o Qatar quer aumentar a sua produção de petróleo, pois no momento esta não é muito alta.

Logo da OPEP. (Arquivo) - Sputnik Brasil
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"Talvez achem que, fazendo parte da OPEP, eles não poderão fazer isso. É provável que não lucrem o suficiente enquanto permanecerem na organização", opinou a especialista.

Após a saída, o Qatar poderá produzir e vender a quantidade de petróleo que quiser "sem indicações por parte da OPEP, controlada de fato pela Arábia Saudita", acrescentou.

Para Sakmar, o conflito com Riad pode ser uma das razões da decisão do Qatar.

Ela não excluiu que a saída do Qatar possa minar a importância da OPEP no mundo, mas só se outros jogadores menores seguirem o exemplo de Doha.

O analista russo Yuri Solozobov, diretor do centro Política Energética Internacional, acha a decisão do Qatar "bastante transparente".

"O Qatar é o líder mundial inquestionável na produção e exportação de gás natural liquefeito. Os qatarianos entendem que o mercado do GNL vai crescer e virar muito competitivo. Por isso tomaram a decisão estratégica de se concentrar nesta área", afirmou Solozobov ao serviço russo da Rádio Sputnik.

Extração de petróleo (imagem referencial) - Sputnik Brasil
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O analista sublinhou que a produção de GNL no Qatar tem baixo custo, sendo uma área desenvolvida pelo governo — o GNL é explorado e vendido por uma empresa estatal. Ainda por cima, Doha tem sua própria frota para transportar o gás produzido. Assim, diz Solobozov, a última medida mostra que "o Qatar vem implementando cuidadosamente todos os elementos da estratégia de manter e reforçar sua liderança no mercado de GNL".

Tal como Sakmar, o especialista russo ressalta que o Qatar não está entre os maiores produtores de petróleo tanto na OPEP, como no mundo. Isto é, sua saída do cartel não afetará muito o mercado de petróleo, assume Solozobov.

"Por enquanto, os mercados quase não reagiram ao anúncio do Qatar sobre a saída da OPEP. Todos esperam acordos entre os dois principais produtores — a Rússia e a Arábia Saudita — no âmbito do acordo da OPEP+ […] Vale destacar que a própria OPEP não é uma organização muito sólida e nem sempre pode monitorar o cumprimento de suas decisões sobre as cotas. Se algo vier a influenciar negativamente o preço de petróleo no futuro, será isso mesmo", concluiu o analista russo.

Na segunda-feira (3), os preços do petróleo desaceleraram seu crescimento após o Qatar ter anunciado a sua saída da OPEP.

O país se juntou à organização em 1961. Doha é o maior produtor mundial do gás natural liquefeito e tem 11 usinas de GNL com uma potência total de 77 milhões de toneladas por ano.

Segundo o relatório de novembro da OPEP, Doha produziu em outubro 609 mil barris de petróleo por dia, ocupando o 11º lugar no cartel quanto aos volumes de produção.

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