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Especialistas comentam o que está por trás de desentendimento entre Bolsonaro e Macron

© AFP 2023 / Ludovic MARIN/POOLEmmanuel Macron
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O presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse durante a campanha que pretendia retirar o Brasil do Acordo de Paris, documento que rege medidas de redução de emissão dióxido de carbono a partir de 2020. Na semana passada, o futuro presidente também anunciou que o Brasil não irá sediar a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-25).

Em uma resposta dura, o presidente francês Emmanuel Macron deu um ultimato e determinou que a possibilidade de seu governo apoiar o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul depende da posição do presidente eleito, Jair Bolsonaro, sobre o Acordo Climático de Paris.

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Na última sexta-feira, Bolsonaro deu a tréplica e disse que não pretende assumir compromissos ambientais que impactem o agronegócio brasileiro. No Twitter, Bolsonaro já tinha postado uma mensagem afirmando que "está fora de cogitação" o país se sujeitar automaticamente a interesses de outras nações.

A Sputnik Brasil conversou com dois especialistas para tentar entender quais são os impactos de uma desavença entre Brasil e França.

Paulo Velasco, cientista político e professor da Uerj, disse que as declarações revelam que Bolsonaro está muito mais próximo de Trump, que anunciou a retirada dos EUA do Acordo de Paris, do que a União Europeia.

"Acho que temos como grande variável a postura do presidente eleito muito resistente ao multilaterismo emulando inclusive, dessa forma, posições já assumidas pelo presidente norte-americano Donald Trump e em um contexto em que já se sinaliza para uma grande aproximação e convergência com os Estados Unidos", comentou.

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Velasco argumenta que Bolsonaro nomeou pessoas que negam a existência do aquecimento global, o que demonstra que o próximo governo não está interessado em manter a posição do Brasil em relação as questões ambientais.

"Alguns nomes escolhidos pelo Bolsonaro para o próximo governo, inclusive o futuro chanceler, se aproximam com as posições negacionistas que tendem a refutar a lógica do aquecimento global", afirmou.

Já para Hélio Sirimarco, ligado ao agronegócio e vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, os produtores respeitam a legislação ambiental.

"Os números mostram que o Brasil é um dos países que mais preservam áreas no mundo. Então é muito cômodo esse discurso de que temos um problema de desmatamento e que o setor agrícola não preserva as áreas. As pessoas parecem que ignoram como que funcionam as coisas", disse.

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Segundo Sirimarco, os responsáveis pelo desmatamento no Brasil não são os produtores rurais.

"O desmatamento não é praticado pelos produtores agrícolas, pelos agropecuários, o desmatamento é praticado por bandidos. A futura ministra da agricultura deu entrevista na semana passada, ressaltando esse aspecto de que são os exploradores de madeira, exploradores de minérios que fazem isso de forma ilegal", completou.

A União Europeia e o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai — a Venezuela está temporariamente suspensa) negociam o acordo, há quase 20 anos, com base em três pilares: diálogo político, cooperação e o livre-comércio.

Bolsonaro disse que foi aconselhado pelo futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a ter cautela nas negociações.

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