Crise com a Ucrânia continuará enquanto 'partido da guerra' estiver no poder, diz Putin

© Sputnik / Mikhail Klimentyev / Acessar o banco de imagensO presidente russo, Vladimir Putin, no Fórum Internacional Técnico-Militar EXÉRCITO 2018
O presidente russo, Vladimir Putin, no Fórum Internacional Técnico-Militar EXÉRCITO 2018 - Sputnik Brasil
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As autoridades atuais da Ucrânia representam o partido da guerra e, enquanto estiverem no comando do país, a crise continuará, declarou o presidente russo, Vladimir Putin, em uma conferência de imprensa no final da cúpula do G20 em Buenos Aires, na Argentina.

O líder russo ficou desapontado com a recente provocação naval no estreito de Kerch e o conflito interno na Ucrânia e observou que as autoridades ucranianas atuais não estão interessadas em resolver a crise.

"É o partido de guerra e, enquanto ele mantiver seu poder, todas as tragédias e guerras similares continuarão", declarou Putin.

Ele acrescentou que Kiev manipula a questão da suposta agressão externa porque "através da guerra é mais fácil esconder seus próprios fracassos na política econômica e social".

"Eles não são os culpados, mas um agressor externo, que também é o culpado quanto ao povo pobre, que nada se encaixa no orçamento do Estado e tem que implorar e contrair empréstimos do Fundo Monetário Internacional e outros patrocinadores endossando a responsabilidade e o fardo para as gerações futuras", comentou, ironicamente.

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Na conferência de imprensa na capital argentina, Putin também comentou sobre a questão da lei marcial decretada na Ucrânia após o incidente do estreito de Kerch.

"A pior coisa é que eles decretaram lei marcial em 10 regiões, apenas naquelas em que o atual presidente não tem um grande apoio e sua política não é apoiada por unanimidade", pontuou Putin", para quem as autoridades ucranianas dividem o país segundo o critério de "confiabilidade".

O líder russo reiterou que Kiev aproveita a lei marcial para limitar os direitos civis e a atividade política no país antes das eleições presidenciais.

Putin também disse à imprensa que não evita negociações com seu colega ucraniano, Pyotr Poroshenko.

"Quanto aos contatos de alto nível, não os rejeito", garantiu, reconhecendo que há dificuldades nas negociações "porque não está claro sobre o que falar, é que nada é realizado".

O presidente russo também respondeu a perguntas sobre uma possível troca de marinheiros ucranianos presos junto com seus três navios em 25 de novembro, depois de entrar em uma área provisoriamente fechada nas águas russas do mar Negro, sem a permissão das autoridades, e siga em direção ao estreito de Kerch.

A Ucrânia ainda não levantou essa questão, disse Putin, lembrando que a investigação está em andamento.

"Temos que confirmar a provocação por parte das autoridades ucranianas e documentá-la em atos legais", analisou.

Por sua vez, Putin enfatizou que a Guarda Costeira russa agiu de acordo com as regras, assim como os guardas de fronteira de qualquer outro país agiriam quando suas fronteiras fossem violadas "de maneira tão descarada".

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Ele disse que, após a intrusão dos marinheiros ucranianos nas águas territoriais da Rússia, a Guarda Costeira russa sugeriu que chamar um técnico e cais do porto de Kerch e, somente após a rejeição, continuou a detenção.

Como é evidente a partir dos diários de bordo, acrescentou, o objetivo de navios ucranianos era para passar despercebidos nas águas territoriais russas e no estreito de Kerch, que também foi confirmado "nos testemunhos dos marinheiros detidos".

Então, ele concluiu, é uma "provocação premeditada". Putin disse também à mídia que expôs a cronologia dos eventos a seus parceiros do G20.

Questionado sobre uma possível resposta de Moscou a restrições ucranianas de entrada no país de homens com nacionalidade russa entre 16 e 60 anos, o líder russo prometeu que nenhuma ação será tomada contra cidadãos ucranianos. Pelo contrário, sua estada no país e até o processamento da nacionalidade russa serão facilitados, se alguém assim desejar.

Provocação da Marinha ucraniana

Em 25 de novembro, três navios da Marinha ucraniana – Berdyansk, Nikopol e Yany Kapu – atravessaram a fronteira da Rússia, violando os artigos 19 e 21 da Convenção da ONU sobre direito marítimo. Os navios entraram na zona aquática temporariamente encerrada e realizaram manobras perigosas durante várias horas, sem reagir às exigências das embarcações russas que acompanhavam os navios ucranianos.

Foi tomada a decisão de usar armas. Todos os navios ucranianos foram detidos a aproximadamente a 20 km da costa russa e a 50 km do local habitual de passagem dos navios no estreito de Kerch, abaixo da ponte da Crimeia.

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Durante o incidente, três militares ucranianos ficaram levemente feridos. Eles receberam assistência médica e não correm risco de vida. Por sua vez, a Rússia abriu um processo criminal por violação da fronteira.

Em 26 de novembro, o presidente ucraniano Pyotr Poroshenko aprovou a proposta do Conselho de Segurança e Defesa Nacional para introdução da lei marcial no país depois do incidente no estreito de Kerch.

A lei marcial entrou em vigor no território ucraniano a partir de 26 de novembro, terminando no dia 25 de janeiro de 2019, de acordo com o decreto. Ainda é necessária sua aprovação pela Suprema Rada (parlamento ucraniano).

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