Quais fatores podem minar liderança do dólar estadunidense no mundo?

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O professor de política internacional no Fletcher School of Law and Diplomacy da Universidade Tufts, EUA, revelou em seu artigo para o The Washington Post que, apesar do dólar continuar sendo a principal moeda de reserva, ela pode perder seu papel dominante a longo prazo.

Drezner sublinha que, para criar uma alternativa do dólar, qualquer ator deve cumprir duas condições necessárias: capacidade e vontade, ou seja, ele deve ser capaz e ter vontade de criar um substituto para o dólar. A moeda estadunidense funciona como moeda de reserva graças a grandes mercados de capitais e a autoridades monetárias transparentes e fiáveis.

"Caso a China queira que yuan rivalize com o dólar, ela deveria melhorar tanto a disponibilidade dos títulos denominados em yuanes como a transparência dos seus reguladores. As economias da eurozona deveriam, por sua vez, persuadir os investidores da viabilidade a longo prazo de uma moeda sem Estado", explicou o analista.

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Além disso, ainda é pouco claro se a China ou os países da eurozona querem assumir a responsabilidade de gerir a principal moeda de reserva. Segundo Drezner, embora o emitente de uma moeda de reserva obtenha benefícios económicos através de senhoriagem [receita do governo pela emissão de moeda] e outras externalidades positivas, isso reduz a competitividade da economia do país com a sobrecarga adicional de gestão de uma moeda de reserva.

Entretanto, o analista indica duas razoes que causam preocupação sobre o futuro do dólar. Primeiro, nos últimos tempos, os EUA intensificaram o uso de sanções e outras medidas restritivas. Cada vez mais países querem se livrar do dólar e construir uma arquitetura financeira para desafiar o sistema financeiro baseado na moeda norte-americana. A situação do Irã é particularmente problemática, porque foi pela primeira vez que Wahington exerceu pressão apesar da ativa oposição contrária dos seus aliados europeus.

"Se a China, a Rússia e a UE trabalharem em conjunto para construir um sistema de pagamentos alternativo ao baseado no dólar, isso prepararia o terreno para uma maior cooperação sem os EUA", afirma o professor.

De acordo com o analista, as ações agressivas da administração Trump estão aumentando a probabilidade desses atores quererem construir um novo sistema financeiro, apesar dos altos custos desse processo.

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A segunda ameaça à hegemonia do dólar é o aumento da dívida pública dos EUA. Neste ano o governo federal dos EUA planeja emitir 1,3 trilhões de dólares (R$ 5 trilhões) de nova dívida, enquanto o crescimento econômico é de 3%. Se os EUA entrarem em recessão e as taxas de juro forem aumentadas, a situação da dívida poderá se tornar ainda pior.

Os investidores estrangeiros possuem 30% da dívida norte-americana. Se eles começarem a duvidar da viabilidade da dívida dos EUA a longo prazo, eles poderiam requer que os EUA denominem sua dívida em outras moedas, o que vai minar as posições do dólar nos mercados globais, disse o analista.

Drezner sublinhou que, caso um dos esses eventos ocorra, os efeitos poderão levar ao colapso muito rápido da hegemonia da divisa norte-americana.

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