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Muito além da 'bugiganga': China é principal fonte de produtos tecnológicos para o Brasil

© Foto / Beto Barata/PRTemer deu uma camiseta da seleção brasileira de futebol ao presidente Xi Jinping.
Temer deu uma camiseta da seleção brasileira de futebol ao presidente Xi Jinping. - Sputnik Brasil
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Não é só de "bugigangas" e commodities que a relação comercial entre Brasil e China é feita. Enquanto Pequim e Washington travam uma guerra de tarifas, o Brasil consolida uma parceria comercial e tecnológica bilionária com os chineses. A Sputnik Brasil mostra o volume e a importância desse comércio.

"No Brasil ainda temos o mito de que a China é um país que tem produtos de baixa tecnologia. Quando eles chegaram aqui na década de 1980, era isso que acontecia, o pessoal ia pra 25 de março [em São Paulo] comprar produtos baratos, eles eram quase descartáveis. Ficou impregnado uma imagem de que o produto chinês tem baixa tecnologia. Mas hoje não é mais assim", afirma Alexandre Uehara, coordenador Núcleo de Estudos e Negócios Asiáticos da ESPM.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) tem uma classificação para organizar o comércio internacional de acordo com sua intensidade tecnológica. Os itens são avaliados em diferentes grupos, de produtos com alta intensidade tecnológica (setor aeroespacial, farmacêutico, informática, entre outros), até artigos com baixa participação de tecnologia, como calçados, madeira, papel, alimentos e bebidas.

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Da janeiro a outubro deste ano, o Brasil gastou no exterior US$ 25,47 bilhões em produtos de alta intensidade tecnológica. E o nosso mercado principal nesse segmento foi a China, onde compramos US$ 7,24 bilhões — número muito acima dos US$ 3,21 bilhões gastos comprando dos Estados Unidos. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

Uehara ressalta que o Brasil vive uma situação de "interdependência" com a China — responsável por vender ao Brasil componentes eletrônicos e itens tecnológicos importantes para a indústria nacional. Ele ressalta que a parceria é chave porque pode ajudar o parque industrial brasileiro a se ancorar em produtos com preços menos voláteis.

"Pode-se discutir que nossa agricultura também tem tecnologia e investimento. Ela de fato tem, só que a soja quando o mercado está em alta chega a valorizar 100%, mas na baixa cai 50%. O smarthphone, com o mercado em alta, valoriza um pouco e quando o mercado está em baixa ele não desvaloriza 50%. Nunca vi nenhum carro que de um ano para o outro desvalorizou 50%, como acontece com a soja, o petróleo e as commodities de maneira geral."

No momento, o Brasil caminha para uma participação cada vez menor da indústria no PIB nacional. Segundo o IBGE, o setor representa 11,8% de tudo o que é produzido no país, o menor patamar desde a década de 1950.

Uehara acredita que o Brasil "está ficando para trás" em indústrias que podem levar o país a "outro patamar" e cita como exemplo a possível venda da Embraer para a Boeing.

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O professor da ESPM também lembra que Brasil e China mantém um programa de parceria aeroespacial há mais de 30 anos. Já foram lançados 5 satélites desta iniciativa, que operam em tarefas como o monitoramento do desmatamento, níveis de reservatórios, desastres naturais e expansão agrícola. Em 2019, o sexto satélite do programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers) será lançado.

"Não dá para pensar ter uma inserção internacional hoje sem levar em consideração a China, que é o país que mais cresce no mundo", diz Uehara. O estudioso, contudo, defende uma relação "mais consciente" entre os dois países: "A China não vem ao Brasil porque faz filantropia, ela vem porque tem interesses no mercado brasileiro, nas commodities. E da mesma forma não dá pra pensar que vai levar qualquer qualquer produto para o mercado chinês só porque temos uma parceria estratégica, é preciso ter negociação."

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