3 razões por que Rússia provavelmente beneficia das sanções anti-iranianas

© Sputnik / Grigory Sysoev / Acessar o banco de imagensRefinaria da Gazprom em Moscow
Refinaria da Gazprom em Moscow - Sputnik Brasil
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O efeito das recentes sanções contra o Irã parece não ser o esperado por Washington – cada vez mais mídias afirmam que a ganhadora nesta situação é a Rússia.

Recentemente, a edição The Wall Street Journal constatou que as empresas russas vão logo conquistar os maiores compradores do petróleo iraniano na Europa e na Ásia, que a partir de agora se encontram em uma busca de alternativa.

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A colunista da Sputnik, Natalia Dembinskaya, analisa os fatores que tornam o combustível russo a melhor substituição do produto iraniano.

Qualidade quase igual

Ainda de acordo com a publicação na mídia americana, a Rússia e o Irã produzem um produto muito parecido, por isso a substituição será fácil para as refinarias asiáticas e europeias.

Os especialistas russos também confirmam que o petróleo produzido na Rússia é muito semelhante ao iraniano, tanto pela sua densidade, quanto pela quantidade de enxofre.

Desse modo, as refinarias europeias, por exemplo, mesmo as orientadas para usar o petróleo iraniano, provavelmente não se depararão com problemas ao tratar o produto russo. Aliás, suas importações serão efetuadas em prazos mais curtos que dos outros potenciais países fornecedores.

Parecido, mas não o mesmo

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Os próprios EUA já propuseram os seus serviços aos países alvo das sanções secundárias, dado que os produtores de petróleo norte-americanos haviam aumentado a exploração até um número recorde — 11 milhões de barris por dia, em grande parte graças ao aumento na produção de óleo de xisto. Entretanto, o país também continua entre os maiores importadores de petróleo.

Um dos produtos-chave da indústria de xisto norte-americana é o petróleo leve (WTI), que nem sempre é procurado tanto dentro do país quanto fora dele. O problema reside nas caraterísticas físicas deste tipo de combustível, que não são adequadas para todas as refinarias, ressalta a autora. É evidente que quando uma refinaria já está ajustada ao produto de uma certa qualidade, é bem complicado se reorientar para outro tipo de commodity.

"É por isso que os próprios EUA continuam comprando o petróleo venezuelano — pois as refinarias do Texas não estão adaptadas para o óleo cru leve, enquanto seu reequipamento acarretaria mais despesas e investimentos", explicou à Sputnik o diretor da área de energia do Instituto da Energia e Finanças da Rússia, Aleksei Gromov.

Escambo com Teerã

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A edição inclusive frisa que Moscou pode ajudar Teerã a contornar as sanções ao comprar o petróleo iraniano por escambo e o refinando para o consumo interno e usar suas próprias commodities libertas para as vender à Europa e receber lucro adicional.

De acordo com os economistas, tal esquema é bem possível, embora não haja confirmação oficial de que tais negociações estivessem sendo realizadas.

"Para a Rússia, tal acordo de escambo seria vantajoso, pois a ajudaria a reforçar as posições no mercado de exportações, enquanto Teerã não tem escolha — vai ter que negociar com Moscou de acordo com as suas condições", disse à Sputnik Anton Shabanov, especialista econômico independente.

Outra coisa é que isso não pode ser considerado como uma "ajuda" ao Irã, pois no mercado há interesses econômicos e não amigos, precisa o economista.

"Caso seja vantajoso, haverá compras por escambo. Já o 'apoio a regimes', como foi no tempo da URSS, seria uma coisa ruim, isso nunca compensa", afirmou Nikolai Ivanov, chefe do setor de mercados energéticos do Instituto da Energia e Finanças.

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