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Quem se beneficia com plano de instalar fábrica de armas dos EUA no país?

© AP Photo / Lynne SladkyBrasil já é o segundo maior exportador de armas para os EUA atrás apenas da Áustria
Brasil já é o segundo maior exportador de armas para os EUA atrás apenas da Áustria - Sputnik Brasil
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Representantes da fornecedora de armas dos EUA, Sig Sauer, se reuniram com a Secretária Nacional de Segurança Pública para tratar da abertura de uma fábrica no Brasil até 2020. A Sputnik Brasil conversou com o ex-chefe da PMERJ, Robson Rodrigues, sobre os impactos dessa proposta para a segurança pública.

A eleição de Jair Bolsonaro, que é favorável à abertura de fábrica da Sig Sauer no país, abriu as portas para a negociação entre a empresa e as autoridades brasileiras. 

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Em entrevista à Sputnik Brasil, o coronel reformado e ex-chefe do Estado-Maior da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Robson Rodrigues, analisou que a entrada de uma fabricante de armas no mercado brasileiro alinha um discurso conservador em alta na sociedade com uma lógica liberal que obedece aos interesses do mercado, além das notórias declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro, estimulando a liberação de armas para a população. 

"São declarações [de Bolsonaro] que não ajudam em nada, atrapalham ainda mais a segurança pública. Quando você tem discursos que alimentam um discurso conservador, por um lado, que vai alimentar o ódio, que vai alimentar a violência, você incrementa ainda mais o cenário de violência no país. Então é mais problema para a segurança pública", afirmou Robson Rodrigues. 

"Quando você, por outro lado, tem um discurso liberal, do ponto de vista econômico e do mercado, você está atiçando interesses do mercado, que no primeiro momento são interesses justos […], cabe ao poder público regular todas estas ações no sentido de conduzir a tomada de decisão política para o interesse público. Aí a gente vai ver qual é a qualidade dos nossos representantes", acrescentou. 

De acordo com o coronel reformado, o estímulo à indústria e ao mercado, que, segundo ele, nesse caso "tem uma relação espúria com a violência", não é do interesse da segurança pública. 

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A empresa Sig Sauer, desde o final do ano passado, chegou a vender 21 mil pistolas para o Brasil. Em relação aos planos de instalar uma fábrica no país, a empresa estuda se a sede será no Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Goiás e Pernambuco. Para Robson Rodrigues, é natural que a Sig Sauer faça uma opção por locais com altos índices de violência.  "Você tem analistas altamente preparados para isso, que estão brigando pelos seus interesses, interesses do mercado", observou. 

Ao comentar a proposta de flexibilização do estatuto do desarmamento, Rodrigues afirmou que deveria haver uma revisão que restringisse muito maior o uso de armas. 

"É importante entender que por trás dessa liberdade [de uso de armas] tem um problema sério. Dentro dos EUA, onde pregam isso, há um uso de armas mais liberado, você tem taxas muito ruins de violência. Se for comparar os EUA com países que estão no mesmo patamar de desenvolvimento humano, por exemplo, você tem nos EUA taxas muito altas de violência", concluiu.

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