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Brasil conseguirá mais investimentos estrangeiros no próximo governo?

© AFP 2023 / STRNotas yuan e dólares dos EUA são vistos em uma mesa em Yichang, província de Hubei, na China central em 14 de agosto de 2015
Notas yuan e dólares dos EUA são vistos em uma mesa em Yichang, província de Hubei, na China central em 14 de agosto de 2015 - Sputnik Brasil
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Jair Bolsonaro, do PSL, foi eleito no último domingo para governar o Brasil a partir do próximo mês de janeiro, com 55% dos votos válidos, contra cerca de 45% do petista Fernando Haddad. Em meio a muitas dúvidas e promessas nesse tumultuado período de transição, qual deve ser a expectativa do país em termos de investimentos estrangeiros?

A incerteza política e a imprevisibilidade eleitoral do Brasil em 2018 afugentaram investidores e afetaram negativamente a economia nacional. Dados da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) indicam que o país caiu, no primeiro semestre, do 6º para o 9º lugar entre os principais destinos de investimentos. De janeiro a junho, foram enviados para o Brasil US$ 25,5 bilhões, uma queda de 22% ante os US$ 32,6 bilhões do mesmo período de 2017. Será o próximo presidente capaz de reverter esse quadro?

Esplanada dos Ministérios em Brasília (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Bolsonaro reduzirá pastas e criará superministério da Economia
Para o especialista em Finanças Internacionais Vinicius Rodrigues Vieira, professor visitante do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI-USP), o próximo governo, liderado por Bolsonaro, tem tudo para ser bastante amigável em relação ao mercado, mas isso não significa que essa política será bem sucedida. Isso porque, segundo ele, a principal fonte de investimentos para o Brasil ao longo dos últimos anos, a China, tem uma certa apreensão com a nova administração no Palácio do Planalto devido a atitudes do chefe de Estado eleito no período pré-campanha, incluindo uma visita a Taiwan, cuja independência não é reconhecida por Pequim. 

Em editorial publicado pelo China Daily, principal jornal estatal do país asiático, nesta semana, os chineses avisaram que criticar Pequim "pode servir para algum objetivo político específico, mas o custo econômico pode ser duro para a economia brasileira, que acaba de sair de sua pior recessão da história". De acordo a publicação, o Brasil teria mais a perder do que ganhar se decidir adotar uma retórica agressiva como a do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, responsável por iniciar uma guerra comercial entre as duas maiores potências mundiais. 

Apesar das polêmicas declarações de Jair Bolsonaro no que diz respeito à política externa brasileira, Vinicius Vieira acredita que o novo Brasil tende a ser pragmático nas suas relações econômicas internacionais. Ainda assim, ele alerta que, no caso de uma redução no fluxo de investimentos chineses devido a desentendimentos provocados pelo presidente eleito no Brasil, dificilmente os Estados Unidos, país indicado por Bolsonaro como, possivelmente, principal parceiro brasileiro, poderiam preencher o espaço deixado por Pequim. 

"O próprio [Donald] Trump fala da necessidade de investimentos na infraestrutura do país. Então, talvez, a prioridade seja o estímulo e não investimentos em aliados, mas o investimento interno", disse o acadêmico em entrevista à Sputnik Brasil, destacando a atração provocada pelas altas taxas de juros dos EUA e a necessidade de o Brasil aprovar uma reforma da Previdência alinhada com o mercado, além de privatizações e uma abertura da economia. 

Para escapar da dependência em relação a China e Estados Unidos, seria interessante, conforme sublinha o professor, diversificar as parcerias brasileiras ao redor do globo no próximo governo. No entanto, para ele, a chance de isso acontecer na administração de Jair Bolsonaro seria insignificante. 

"Acho que aí nem é uma questão de política econômica, é uma questão de política externa. Bolsonaro sempre fez uma crítica muito forte àquilo que seria uma política externa ideológica", explicou. "Não sou contra e acho razoável reforçar os laços com as ditas democracias ocidentais. De fato, elas ainda têm capital a ser investido no exterior. Mas o fato é que a fronteira do capitalismo global está se movendo para onde? Para o Oriente, para o Sul global." 

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