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'Bancada da bala' se renova e deve crescer ainda mais na próxima legislatura

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Apesar de apenas 35% dos representantes da chamada "bancada da bala" terem sido reeleitos para a próxima legislatura, supõe-se que o grupo passará por uma renovação e ficará ainda mais fortalecido a partir do ano que vem.

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Um levantamento feito pelo portal G1 mostra, por exemplo, que o número de policiais e militares eleitos para o Legislativo pulou de 18 para 73 na comparação dos resultados das eleições de 2014 e 2018.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Paulo Storani, antropólogo e instrutor do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais), diz que o aumento de candidatos eleitos com esse perfil pode ser atribuído à falta de sensação de segurança da população.

"Em razão dos próprios números que nós estamos acompanhando ao longo dos anos mostram que aqueles congressistas eleitos anteriormente não atenderam a demanda por segurança ou não tinham como objetivo tratar do tema. Por isso que de uma forma legítima nós temos hoje a consagração do tema da segurança pública nas eleições", afirmou.

O partido do candidato Jair Bolsonaro, o PSL, é o maior responsável pelo aumento desse tipo de candidatura. Dos 73 policiais e militares eleitos neste ano, 43 estão filiados ao PSL. Depois do PSL, os partidos PP, PR e Rede tiveram mais policiais e militares eleitos, segundo o mesmo levantamento do G1.

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A bancada, no entanto, passará por uma renovação. Dos atuais 34 integrantes, apenas 12 continuarão na Câmara dos Deputados a partir do ano que vem. Inclusive o presidente da Frente Parlamentar da Segurança, deputado Alberto Fraga (DEM-DF), não voltará ao Congresso brasileiro.

Carlos Eduardo Martins, cientista político da UFRJ, diz que o crescimento do número de parlamentares do PSL, mesmo daqueles que não são propriamente ligados à segurança pública, solidifica a bancada da bala porque o partido tem uma afinidade ideológica com esse tipo de agenda. O PSL elegeu 52 deputados federais e se transformou no segundo maior partido da Câmara dos Deputados, atrás apenas do PT.

"Fortalece fortemente a bancada de extrema-direita do Congresso, que se associa ao fato de que hoje o maior partido de direita no Congresso, tem um forte conteúdo fascista, que é o PSL. Então o crescimento da bancada da bala está dentro desse quadro que vincula uma ofensiva ideológica para dizer que o grande problema do Brasil é que a corrupção tem que ser enfrentada com as barras das leis", disse em entrevista à Sputnik Brasil.

Não há uma bancada da bala formal no Congresso, mas a Câmara dos Deputados reconhece as chamadas "frente parlamentares suprapartidárias". A Frente Parlamentar da Segurança Pública foi criada em 2015 e conta neste momento com 272 deputados. Os principais objetivos da bancada são a flexibilização do Estatuto do Desarmamento, para facilitar a posse e o porte de armas, o endurecimento da legislação penal e a defesa de privilégios de policiais.

Para Carlos Eduardo Martins, as pautas defendidas pela bancada são respostas fáceis para problemas complexos.

"Se pretende lidar com a pobreza, a exclusão, através da rígida aplicação da lei, uma ofensiva ideológica que busca criminalizar o conflito social. Essa ampliação da bancada da bala tem a ver com o discurso moralista, onde se protagonizam policias, bombeiros, juízes, uma ofensiva ideológica que se pretende legalista,mas que na verdade se cometem atrocidades", disse.

Dos 112 projetos apresentados sobre armas, a maioria para facilitar a venda e a posse, nenhum foi aprovado nos últimos três anos. Desde 2015, foram apresentados 341 projetos que atendem os interesses da bancada da bala.

Paulo Storani defende que a Frente Parlamentar da Segurança Pública exista e não seja tratada de forma pejorativa.

"Pensar em uma bancada da bala de uma forma muito pejorativa como normalmente tratam esses seguimentos do Congresso Nacional, como Bancada da Bíblia, Bancada do Boi, na verdade eles são representantes de uma parcela da população que atua no setor e se preocupam com ele porque diz respeito a sua própria vida, não se pode criticar ou fazer alusão de forma pejorativa porque a democracia nada mais é do que isso", defendeu.

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