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Candidatos militares apostam em 'respostas fáceis' para segurança pública, diz pesquisador

© REUTERS / Diego VaraBolsonaro no Aeroporto Salgado Filho, agosto de 2018.
Bolsonaro no Aeroporto Salgado Filho, agosto de 2018. - Sputnik Brasil
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A farda quer entrar na política partidária. Levantamento do Instituto Sou da Paz mostra que 1.335 candidatos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nestas eleições declararam profissão ligada às forças de segurança (incluindo seguranças privados) ou às Forças Armadas.

A participação deles não é inédita. Levantamento do pesquisador Pablo Nunes, coordenador de dados do Observatório da Intervenção, encontrou 546 candidaturas de policiais militares e civis nas eleições de 2002.  É a primeira vez, contudo, que uma uma chapa "puro sangue" das Forças Armadas concorre à presidência da República. É a dobradinha formada pelo Capitão Jair Bolsonaro e o General Hamilton Mourão.

Nunes acredita que vivemos uma era de maior visibilidade de candidaturas militares porque elas foram colocadas lá pelo próprio poder político.

"As Forças Armadas estão no centro do combate das preocupações de segurança pública e também em um lugar de prestígio dentro da política institucional. É um processo que não começou ontem ou no ano passado, é um processo que está acumulando gradualmente. Nós temos um discurso belicoso e militarista dominando a agenda pública."

O pesquisador dá como exemplo o Rio de Janeiro após o fracasso das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). "As pessoas ficaram açodadas e impressionadas com a descoordenação e a carência de uma voz de uma autoridade com legitimidade para assumir a pauta de segurança pública".

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Nunes acredita que as candidaturas são legítimas pela democracia existente no Brasil, mas que muitas vezes os candidatos e políticos de origem militar apostam em "respostas fáceis" para o setor de segurança pública. 

O Instituto Sou da Paz fez um acompanhamento dos projetos de lei propostos por congressistas ligados às forças de segurança. Em 2017, 38,5% dos projetos apresentados versavam sobre a criminalização de condutas ou o aumento de penas para crimes. 

"Essas propostas não ficam em pé se pensarmos racionalmente. Temos a quarta maior população carcerária no mundo e nós vemos nossos problemas de segurança aumentarem. E a lógica parece que é investir no que não dá certo", diz Nunes à Sputnik Brasil. 

O Sou da Paz ressalta que entre 1997 e 2016, registrou-se um salto de 326% na população prisional — e apenas 11% destes detentos respondem por homicídios. São 726.712 pessoas presas e 40% delas são presos provisórios, ou seja, não foram julgadas ainda. 

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que taxas superiores a 10 homicídios para 100 mil habitantes são de violência epidêmica. A taxa no Brasil é de 30,8 mortes para cada 100 mil habitantes.

O pesquisador do Observatório da Segurança acredita que existem "interesses corporativos" por trás das bancadas da bala. Pablo Nunes cita como exemplo as empresas bélicas e os presídios privados, onde "quanto mais gente presa, mais lucro".

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