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#MeuRacistaSecreto bomba no Twitter e expõe casos de racismo cotidianos no Brasil

© Foto / Tania Rego/ Agência BrasilAssociação do Conselho Gestor de Esporte e Lazer do Estado do Rio de Janeiro (Ascagel), promove o ato “A alma não tem cor. Não ao Racismo”, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Associação do Conselho Gestor de Esporte e Lazer do Estado do Rio de Janeiro (Ascagel), promove o ato “A alma não tem cor. Não ao Racismo”, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. - Sputnik Brasil
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Por ocasião da homenagem do Google ao geógrafo brasileiro Milton Santos, internautas no Twitter subiram a hashtag #MeuRacistaSecreto para os trending topics nacionais. Mensagens trazem denúncias diárias de racismo e mensagens políticas relacionadas aos candidatos às eleições deste ano.

Uma internauta lembrou o episódio envolvendo o candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro e a cantora Preta Gil. À ocasião, em uma entrevista concedida ao extinto programa CQC da Band, o deputado respondeu a um questionamento sobre um possível relacionamento de um de seus filhos com uma mulher negra dizendo "meus filhos não frequentam esse ambiente de promiscuidade como infelizmente é o seu caso". Bolsonaro posteriormente se "desculpou" dizendo que entendeu que a cantora se referia a homossexuais.A hashtag foi criada pelo estudante de psicologia Ederson Kelvyn. A ideia, segundo ele, era chamar a atenção para os casos de racismo.

"Meu intuito com essa hashtag é dar voz aos negros para expor essas situações para tentar fazer uma certa conscientização", disse em entrevista à Sputnik Brasil.

O assunto chegou ao primeiro lugar nos trending topics brasileiro e no terceiro lugar nos trendic topics mundiais. Ederson Kelvyn disse que pensou previamente no horário do seu post para ter mais alcance, mas que não esperava tanta repercussão.

"Para mim até agora é uma coisa surreal, era exatamente o que eu queria. Era ter o lugar de fala. Poder expor esse caso para que isso deixe de acontecer e principalmente para que possa dar força porque espero que outras pessoas consigam expor esses casos também".

Ederson Kelvyn estuda os efeitos psicológicos do racismo. Na sala de aula em que estuda ele é um dos apenas 7 negros da turma com 60 estudantes. Kelvyn comentou que efeitos mais fortes que ao fazer terapia conseguiu entender os efeitos que o racismo gerou em sua personalidade.

"Eu faço terapia e eu vejo como o racismo interfere na minha autoestima porque desde pequeno a gente é visto de lado. O menino do cabelo liso é o que chama mais atenção, tanto que quando eu era mais novo eu alisava meu cabelo, não gostava do meu cabelo e tentei me encaixar nisso, mas no final era só questão da cor da pele", completou.

​Outro tweet a viralizar apontou correlação entre o termo "cidadãos de bem" e seu histórico racista adotado pela Ku Klux Klan, movimento extremista de motivações racistas responsável pelo assassinato de milhares de negros nos EUA.

Um terceiro tweet relembra uma entrevista concedida pelo ator americano Morgan Freeman ao programa "60 Minutes" da rede CBS. Na ocasião, o ator, que é negro, disse que o racismo deixaria de existir no momento em que as pessoas parassem de falar sobre o assunto. Na altura, a fala do ator foi severamente criticada por ativistas do movimento negro.

O Brasil é um dos países que mais mata negros no mundo. A taxa de assassinatos de pessoas negras cresceu 23% em 10 anos de acordo com o Atlas da Violência 2018, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Negros também representam 71% das vítimas de homicídio no país.

Ouça a entrevista com Ederson Kelvyn na íntegra:

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