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'Intervenção vende política de segurança, mas entrega só confronto', diz pesquisadora

© AFP 2023 / Mauro PimentelPM no Rio de Janeiro.
PM no Rio de Janeiro. - Sputnik Brasil
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A intervenção federal na segurança pública do Estado do Rio de Janeiro completou sete meses nesta segunda-feira (17) e os números não são nada animadores. De positivo, houve a redução nos números de roubo de carga e de veículos. De negativo, as mortes em confrontos e tiroteios aumentaram significativamente.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Walkiria Dutra, porta-voz do Observatório da Intervenção, disse que a Intervenção Federal, comandada pelo general de Exército Walter Souza Braga Netto, vendeu à população que "teria uma política de segurança pública", mas que no fim, segundo a pesquisadora, "só entregou confronto".

"O que a gente observa nesses 7 meses é que essa lógica de conflito tem gerado números muito nocivos, para dizer que uma política de segurança pública a intervenção está deixando a desejar em vários aspectos, principalmente em ações de prevenção social", afirmou.

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Walkiria Dutra disse que a intervenção prometeu atuar no combate ao tráfico e na apreensão de armas, mas mesmo assim, números divulgados pelo próprio Gabinete de Intervenção mostram que entre fevereiro e junho, as forças de segurança apreenderam 232 fuzis, 24% a menos que nesse mesmo período em 2017.

"As Forças Armadas acabaram entrando como um ator que reforçou essa lógica de confronto e confronto direto com os chamados traficantes. Uma lógica que a gente pode dizer quer é apreender drogas e apreender armas", disse.

Além de um aumento grande no número de mortes em confronto com a polícia. Em agosto do ano passado, antes da Intervenção ser decretada, 70 pessoas morreram em confrontos com a polícia. Em agosto deste ano foram 175 mortes, quase seis por dia. Um aumento de 150%, o maior número já registrado pelo Instituto de Segurança Pública.

"Uma redução do número de homicídios não pode corresponder a um aumento que a gente vê da letalidade policial", defendeu Walkiria.

Já os chamados crimes contra o patrimônio caíram: roubo de carga (-20%), de veículos (-15%) e assaltos de rua (-16%) registraram redução em agosto.

O site Fogo Cruzado registrou nos últimos sete meses mais de 5.800 tiroteios e disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Nesse mesmo período do ano passado foram pouco mais de 3.600.

Segundo Walkiria Dutra, a Intervenção Federal tem atuado muito pouco em ações de inteligência das polícias.

"Das 66 ações do Gabinete de Intervenção para serem entregues até dezembro a gente só tem 4 ações que são voltadas para lidar com a inteligência policial", completou.

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