Análise: o que significa o último incidente com navios britânicos perto da China?

© AP Photo / Li Gang/XinhuaPorta-aviões chinês Liaoning realizando exercícios no mar do Sul da China acompanhado por fragatas e submarinos (foto de arquivo)
Porta-aviões chinês Liaoning realizando exercícios no mar do Sul da China acompanhado por fragatas e submarinos (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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De acordo com o MRE da China, as ações de navio britânico violaram tanto a lei como a soberania da China ao passar pelas ilhas Paracel e entrar nas águas territoriais chinesas sem permissão. Pequim enviou uma fragata e dois helicópteros para escoltá-lo.

A Sputnik Internacional discutiu o assunto com Bill Hayton, jornalista e autor do livro "O mar do Sul da China: a luta pelo poder na Ásia".

Perguntado sobre o motivo de tal comportamento britânico e as consequências que isso traria à região, Hayton afirmou que a Grã-Bretanha está tentando "levantar uma questão", e que durante os últimos quatro anos não houve nenhum navio da Marinha Real na região, "principalmente por causa dos cortes na defesa".

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Todos os países precisam gastar dinheiro com outras coisas, e isso é principalmente o motivo pelo qual o Reino Unido está construindo uma relação de defesa com o Japão, ele quer ter uma presença global no contexto do Brexit como uma segunda causa.

Os britânicos tentam mostrar, enquanto estão em mares internacionais, que seus navios podem navegar para onde quiserem, inclusive em águas disputadas.

O jornalista concorda com a questão sobre a Grã-Bretanha estar tentando ganhar alguma vantagem ao entrar em águas territoriais alheias.

Ele ainda recorda que "em julho do ano passado, três navios de guerra chineses atravessaram o canal da Mancha através das águas territoriais britânicas, e estes não levantaram objeções".

"A Grã-Bretanha está fazendo no mar do Sul da China, o que os chineses, além de outros países, fazem nas águas territoriais americanas e do Reino Unido."

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Mesmo um acordo imediato com a China não sendo mais viável, a Inglaterra prioriza no momento uma aliança mais próxima com os EUA, apesar de a administração atual americana ser controversa.

"Os chineses estão muito mais preocupados com o papel global que Londres pode desempenhar em seus planos financeiros, e se o Reino Unido pode ajudar na iniciativa chinesa de Um Cinturão Uma Rota", afirmou ele.

O escritor ainda ressalta que, obviamente, a China prefere que outros Estados se mantenham distantes do mar do Sul da China para que os chineses possam fazer o que quiser na área.

Questionado em relação ao quadro geral da situação no atual momento e sobre os obstáculos que se desenvolvem, o jornalista respondeu que aparentemente tudo se mostra "muito calmo e estável" e que ninguém está em guerra.

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Mas por trás de toda essa fachada, existe uma "constante pressão chinesa pela expansão" e isso causa uma preocupação em outros Estados, que reivindicam ilhas e zonas marítimas, principalmente quando isso envolve direitos sobre petróleo e gás.

Pelo fato da China não poder "apertar todos os botões ao mesmo tempo", ela tenta amenizar um pouco a tensão com os japoneses e desse modo pode colocar mais pressão sobre os taiwaneses, assim como fez com o Vietnã, acredita o escritor.

A opinião do interlocutor pode não coincidir com a da redação da Sputnik Brasil.

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