'Terrorismo marítimo': quem tem razão no mar de Azov?

© Sputnik / Vitaly Timkiv / Acessar o banco de imagensUm porto no mar de Azov
Um porto no mar de Azov - Sputnik Brasil
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Washington acusa Moscou de prejudicar os interesses econômicos de Kiev no mar de Azov por causa de inspeções reforçadas dos navios ucranianos, o que leva a atrasos e perda de receitas dos portos locais. A Rússia responsabiliza a Ucrânia apontando para a tomada de navios russos, ações a que chama de “desmandos”.

Os especialistas da Sputnik compartilham a opinião de que Washington prestará apoio moral a Kiev, mas não compensará suas perdas financeiras. Isso faz com que Kiev tenha de encontrar um jeito de fazer acordo com Moscou.

A situação no mar de Azov tem se agravado desde o início do ano. Em março, a Ucrânia deteve a embarcação russa Nord, acusando o capitão, Vladimir Gorbenko, de "visitar a Crimeia ilegalmente com objetivo de prejudicar os interesses do Estado". A Rússia considerou as ações de Kiev "terrorismo marítimo".

Desde 12 de agosto a Ucrânia mantém detido o navio-cisterna Mekhanik Pogodin com sua tripulação a bordo, sob o pretexto de a construção do navio ter sido financiada por uma empresa abrangida pelas sanções.

As autoridades russas responderam com inspeções reforçadas dos navios ucranianos na sua zona de responsabilidade do mar de Azov. Segundo os dados ucranianos, mais de 150 navios enfrentaram dificuldades quando navegam para os portos de Mariupol e Berdyansk, esperando até dois ou três dias. Os portos têm perdas porque as empresas comerciais escolhem outras rotas para transportar as cargas. No entanto, as ações russas correspondem completamente à lei internacional e aos acordos entre a Rússia e Ucrânia.

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Os políticos radicais ucranianos apelam a responder à Rússia com ações de força, propondo denunciar o Acordo de 2003 de Cooperação no Mar de Azov, o que não foi apoiado pelo governo, para manter o "status quo" do mar.

Mas há políticos ucranianos que não estão de acordo e aconselham até medidas extremas. Por exemplo, o ex-comandante da Marinha ucraniana, vice-almirante Sergei Gaiduk propôs minar o mar de Azov para parar a "ofensiva de Moscou".

Para reforçar a presença militar ucraniana e garantir a escolta dos seus navios mercantes na região, a Ucrânia espera a ajuda dos EUA e da OTAN. No entanto, ainda não há pedidos oficiais nas organizações internacionais.

A intervenção do Departamento de Estado sobre o caso foi, até agora, o único sucesso diplomático ucraniano, que não se pode considerar decisivo. Washington, que ignorou no seu comunicado os navios russos tomados pelos ucranianos, não demonstrou estar disposta a interceder a sério a favor de Kiev. As perdas da Ucrânia são financeiras e a ajuda financeira dos EUA à Ucrânia é mínima. O meio único de evitar danos é negociar com Moscou, o que vai contra a política do presidente ucraniano na confrontação com o Kremlin.

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Na conversa com o RT, o especialista Mikhail Pogrebinsky, diretor do Centro dos Estudos Políticos e Conflitos de Kiev, declarou que acredita na possibilidade de uma solução pacífica da situação, já que a Ucrânia não tem trunfos.

"Cessar completamente a escalação é do interesse de Kiev, especialmente porque se trata de um precedente. É a primeira vez que a Ucrânia recebe uma resposta rápida e dura a uma ação abertamente voltada contra a Rússia. Kiev considera o apoio de Washington como "carta branca", mas isso é um erro: os EUA não compensarão as perdas financeiras, que estão aumentando", opina o especialista.

Para ele, a proposta dos militares de escoltar os navios ucranianos no mar de Azov não tem perspectivas. Segundo o Acordo de 2003, a Rússia tem o direito de inspecionar os navios nas suas águas territoriais. Para além disso, se os navios mercantes tiverem escolta, isso significa que os militares terão que a desarmar.

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