Análise: China e Rússia deixaram de se considerar mutuamente 'ameaça nuclear estratégica'

© Sputnik / Yevgeny Yepanchintsev / Acessar o banco de imagensTrens com militares e equipamentos do exército chinês que participarão das manobras Vostok 2018
Trens com militares e equipamentos do exército chinês que participarão das manobras Vostok 2018 - Sputnik Brasil
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A China e a Mongólia participarão das futuras manobras russas Vostok 2018, as maiores das últimas décadas, "em resposta à estratégia de segurança nacional estadunidense, bem como à postura dos EUA e da OTAN" em relação à competição entre grandes potências, disse à Sputnik um especialista em relações internacionais e segurança.

Vostok 2018 (Leste 2018) "serão algo parecidos com os Zapad 81, mas em algum sentido até maiores", disse o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, citado pelo canal CBS News, referindo-se aos jogos militares de 1981, realizados pela União Soviética no Leste Europeu.

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Os exercícios Vostok 2018 são umas das quatro maiores manobras anuais realizadas pelo exército russo, além das Zapad, Tsentr e Kavkaz, realizadas no oeste, centro e sul da Rússia, respectivamente.

Espera-se que as manobras contem com participação de quase 300 mil homens, mais de mil aeronaves, duas frotas da Marinha russa, a do Pacífico e do Norte, e todas as Tropas Aerotransportadas, disse Shoigu na terça-feira (28).

Além disso, a China está enviando 3.200 efetivos e cerca de 900 unidades de armamento para esses exercícios, enquanto as estatísticas da participação mongol continuam desconhecidas. As manobras vão decorrer de 11 a 15 de setembro.

Já o porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov, qualificou as manobras como essenciais, dizendo que "a capacidade do país de se defender na situação internacional de hoje, que é muitas vezes agressiva e hostil em relação a nosso país, significa que isso é justificado".

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Por maiores que sejam as manobras Vostok 2018, elas são "apenas as últimas em uma série de escaladas de jogos militares", disse à Sputnik Interacional o analista de relações internacionais e segurança, Mark Sleboda, observando que "ambos os lados estão se preparando para um conflito de grandes potências".

A Revisão da Postura Nuclear estadunidense, publicada em janeiro de 2018, indicou que "hoje em dia, é a competição entre grandes potências, e não o terrorismo, que é o foco primário da segurança nacional dos EUA", disse o secretário de Defesa estadunidense, James Mattis, ao apresentar o documento, relatou a Reuters. Particularmente, ele indicou a Rússia e a China como adversários, chamando-as de "potências revisionistas" que "procuram criar um mundo consistente com seus modelos autoritários".

"Julgando por esse tipo de exercícios, torna-se evidente que a Rússia e a China sentem o mesmo", disse Sleboda à Sputnik. Ele também sublinhou que a participação da Mongólia é outra "indicação interessante de uma maior coesão na área eurasiática, no sentido militar e político".

Além disso, o analista observou que a amizade entre a Rússia e a China, que teve seus altos e baixos desde nos anos 40, não tem sido permanente, mas "está aumentando e não mostra quaisquer sinais de deterioração, mas bem o contrário", não apenas no setor militar, como em "todas as esferas".

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"Desde os finais da década de 90, com [o presidente russo Boris] Yeltsin, e em uma escala ainda maior com [o presidente russo Vladimir] Putin, houve uma reaproximação incrível entre a Rússia e a China", disse, citando a resolução das disputas fronteiriças e sua desmilitarização.

Na opinião do entrevistado, as manobras conjuntas de defesa antimíssil entre os dois países também mostram que eles deixaram de se considerar mutuamente "uma ameaça nuclear estratégica" e que "eles preveem que qualquer conflito nuclear estratégico que envolva um deles envolveria naturalmente o segundo".

Sleboda observa que se trata de um "grande passo político em frente" que proporciona uma resposta à postura da OTAN, particularmente dos EUA, no mar do Sul da China e nos estreitos de Taiwan, bem como no que se trata da presença permanente das suas tropas perto da fronteira ocidental da Rússia.

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