'Efeito aliança' das guerras comerciais: Alemanha, China e Rússia se opõem aos EUA

CC BY 2.0 / Jason Ippolito / US CapitalCapitólio dos Estados Unidos em Washington
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Cada nova rodada de tarifas e medidas restritivas dos EUA não somente provoca crises financeiras nos países sancionados, mas também oferece oportunidades para novas alianças estratégicas.

Os EUA desencadearam uma guerra tarifária com a China, e o Japão e a Alemanha aproveitam a oportunidade para assegurar uma maior participação no mercado de automóveis de passageiros que mais rápido cresce no mundo.

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Washington impôs sanções à Turquia, e a Alemanha já anunciou que vai prestar ajuda econômica a Ankara, enquanto os bancos chineses também forneceram empréstimos de bilhões de dólares ao país otomano.

O presidente dos EUA, Donald Trump, condenou a chanceler alemã, Angela Merkel, por comprar gás natural russo através do gasoduto Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2), e poucos dias depois, na cúpula entre Merkel e o presidente russo Vladimir Putin, foi confirmado o acordo para o oleoduto, além de um pacto para ajudar a reconstrução da Síria em cooperação com a Rússia.

Os EUA impuseram sanções econômicas contra o Irã e as empresas de seguros ocidentais deixaram de fazer seguros de transporte de petróleo daquele país. Em resposta a isso, a China decidiu usar petroleiros iranianos com seguros iranianos para suas compras de combustível desse país.

'Manifesto' alemão

Bandeira americana no topo da embaixada americana em frente ao Parlamento alemão, em Berlin - Sputnik Brasil
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O ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, ressaltou em julho que a Europa "não se deixará intimidar pelo presidente Trump". O chefe da diplomacia alemã propôs um novo sistema de pagamentos internacionais independente da esfera do dólar, um novo sistema de transferências interbancárias e um Fundo Monetário Europeu para proteger as empresas europeias das sanções dos EUA. O titular também sugeriu introduzir um imposto digital às empresas norte-americanas que operam on-line.

No entanto, o "manifesto" de Maas por enquanto não passa das palavras, segundo escreveu o economista David P. Goldman na revista Asia Times. Segundo ele, tal ocorre porque as empresas europeias não querem testar a determinação dos EUA quando se trata das sanções contra o Irã ou a Rússia.

Oportunidade para concorrentes dos EUA

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A longo prazo, no entanto, é provável que mudanças significativas nos padrões de investimentos, em resposta à nova assertividade dos EUA, sustenham as ambições euroasiáticas da China, assinala Goldman. Evidentemente, Pequim está disposta a abrir seus mercados para Bruxelas e Tóquio, os principais concorrentes dos Estados Unidos, em troca de sua ajuda durante a guerra comercial.

Aproveitar a crise financeira turca

A resposta europeia e chinesa à crise financeira turca, duradoura e exacerbada pelas sanções dos EUA, mostra a rapidez com que as alianças econômicas estão mudando.

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Em vez de pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI), Erdogan está à procura de novos amigos. O Qatar se comprometeu a investir US$ 15 bilhões (R$ 61 bilhões) em projetos e investimentos econômicos na Turquia.

Além disso, é mais que provável que a China também participe dos planos de recuperação da economia turca, enfatiza Goldman. De acordo com a mídia financeira chinesa The Asset, "a crise econômica na Turquia obriga o presidente Recep Tayyip Erdogan a buscar ajuda financeira, deixando a porta aberta para a China poder aproveitar uma oportunidade imperdível para acelerar suas ambições em relação à iniciativa de Um Cinturão, Uma Rota da Seda na região".

Segundo o economista, nada disso surpreende: o emirado paga à Turquia pela proteção política e o gigante asiático sempre considerou a Turquia como a ponta ocidental de sua cadeia logística euroasiática.

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A surpresa veio de Berlim, onde o governo de Merkel considera a ideia de apoio financeiro à Turquia em troca da cooperação de Ancara na gestão da crise de refugiados sírios e outras questões.

A Alemanha, em teoria, é uma aliada dos EUA, e Washington está em plena confrontação com a Turquia pela detenção de um pastor norte-americano, entre outras questões. No entanto, Berlim decidiu explorar as urgentes necessidades econômicas da Turquia para impulsionar sua própria agenda à custa de sua aliança com Washington.

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