Novo orçamento de defesa dos EUA poderia causar guerra no Estreito de Taiwan?

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O Ministério das Relações Exteriores chinês expressou descontentamento com a aprovação do orçamento militar dos EUA para 2019, que contém um contexto negativo em relação à China. Além de medidas de restrição da atividade das empresas chinesas, o documento prevê a intensificação da colaboração dos EUA com Taiwan na área de defesa e segurança.

Além do apoio simbólico à administração de Taiwan, o documento prevê uma colaboração mais estreita na área de defesa. Os EUA pretendem promover a modernização da base tecnológica do exército da ilha. Além disso, a lei sobre o orçamento possibilita a realização de manobras conjuntas, bem como contatos oficiais entre militares dos dois lados. Importa ressaltar que a aprovação do orçamento coincidiu com a visita da presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, aos EUA. 

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Discursando na Biblioteca Presidencial de Ronald Reagan, Tsai Ing-wen recordou as palavras ditas pelo presidente norte-americano sobre que se pode abordar quaisquer perguntas, mas não se pode se comprometer com questões de nossa liberdade e nosso futuro. De acordo com ela, este posicionamento coincidente com a postura dos moradores de Taiwan. Além do mais, a presidente apreciou muito as “seis garantias a Taiwan” de Reagan que preveem inclusive que os EUA não consultem a China continental antes de decidirem vender armas à ilha. 

E daí surge uma questão, se a aprovação do orçamento representa ou não a violação de acordos entre Donald Trump e Xi Jinping, já que o problema em torno da ilha foi abordado pelas duas partes repetidamente. Trump assegurou que a política de Uma China não vai mudar. Será que Taiwan está se convertendo em um campo de confronto entre a China e aos EUA? A Sputnik China entrevistou um analista chinês, assistente do Centro de Segurança Regional da Academia de Ciências Sociais da China, Yang Danzhi.

"A lei prevê a realização de manobras conjuntas entre os EUA e Taiwan e a intensificação das trocas entre funcionários públicos dos EUA e de Taiwan, aproximando-se da 'linha vermelha' nas relações sino-americanas", explicou.

O analista ressaltou que, embora antigamente existisse o Ato para Relações com Taiwan, todas as administrações americanas anteriores não chegaram tão longe na questão taiwanesa, o que envia aos apoiadores da independência taiwanesa um sinal errado.

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"Caso as forças separatistas continuem se expandindo, será difícil controlar a situação em Taiwan", apontou Yang Danzhi, não descartando até mesmo a possibilidade de guerra no Estreito de Taiwan. De acordo com ele, "os EUA começaram a recorrer ao ‘cartão taiwanês’ cada vez mais frequentemente, tentando, assim, conter a China. A administração do Partido Democrático Progressista de Taiwan, por sua vez, espera tirar proveito da interferência dos EUA e de seu apoio em vários campos para reforçar suas posições no que se refere ao comércio com a China continental", explicou.

O especialista enfatizou que a formação da "ligação estratégica" entre Taiwan e os EUA vem à tona, o que está ocorrendo em meio às tentativas de contenção estratégica da China. Contudo, segundo Yang Danzhi, os EUA possuem várias limitações que podem vir a impedir seus planos.

"Embora as forças dos EUA sejam grandes, caso a questão taiwanesa ou qualquer outro problema regional na Ásia leve a um grave conflito militar com a China, isso vai contrariar os interesse dos EUA. Depois de assumir o cargo, Donald Trump aposta cada vez mais no ‘cartão taiwanês’, e gradualmente dá passos estratégicos nesta direção. Por um lado, a China deve permanecer atenta, por outro, se preparar para um confronto. Em questões-chave da soberania e da integridade territorial não pode haver compromissos ou concessões, mas, dá para lutar de um jeito ainda mais profissional", ressaltou o analista.

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