Especialista desvenda mitos sobre bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki pelos EUA

© REUTERS / Exército dos EUA/Memorial da Paz de HiroshimaExplosão atômica sobre Hiroshima, 9 de agosto de 1945
Explosão atômica sobre Hiroshima, 9 de agosto de 1945 - Sputnik Brasil
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Há dois dias, a cidade japonesa de Hiroshima relembrou os bombardeamentos realizados pela Força Aérea dos EUA com o aniversário da queda das bombas nucleares. O ataque à cidade de Nagasaki aconteceu justamente na data de hoje, 73 anos atrás.

No dia 6 de agosto de 1945 o bombardeiro norte-americano B-29 Enola Gay lançou a bomba atômica de 20 quilotons Little Boy (Menino Pequeno, em português) que devastou a maior parte de Hiroshima e matou 140.000 pessoas. Três dias depois, outro bombardeiro norte-americano lançou a bomba atômica de 21 quilotons Fat Man (Homem gordo, em português), contra Nagasaki, levando a vida de umas 70.000 pessoas e deixando milhares de feridos. O número de vítimas poderia ter sido maior se a bomba não tivesse tomado outra direção por causa de condições meteorológicas.

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O especialista em resíduos radioativos, Kevin Kamps, discutiu em entrevista à Sputnik estas datas importantes.

"O número de mortes e feridos é enorme: 140.000 mortes em Hiroshima, cidade com uma população equivalente a 360.000 pessoas. [O bombardeamento de] Nagasaki, já que a bomba não atingiu o centro da cidade por causa de nuvens que dificultaram acertar o alvo, [resultou em] outras 70.000 mortes, como anúncio da era atômica", afirmou ele à Sputnik Internacional.

Kamps adicionou que, primeiramente, os norte-americanos teriam ficado contentes com o fim da guerra, mas, depois de umas semanas ou dias, perceberam que "se podemos fazer isso com alguém, então alguém pode fazer a mesma coisa contra nós. Efetivamente falando, a Rússia já tinha uma bomba em quatro anos", ressaltou.

De acordo com o analista, durante o primeiro mês da invasão dos EUA ao Japão, antes do lançamento das bombas, a perda de soldados norte-americanos equivalia a uns 50.000, não a um milhão.

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"E o mito de que um milhão de vidas norte-americanas foram salvas graças às bombas não era verdade. A verdade é que as bombas foram lançadas para enviar uma mensagem à União Soviética para que fique longe. Bilhões de dólares da época de 1945 foram gastos no projeto [nuclear], e as bombas foram lançadas também para testá-la e para mostrar alguma utilidade do dinheiro investido. Se aqueles bilhões de dólares tivessem sido gastos com navios, tanques e armas para o exército dos EUA, em vez de bombas atômicas, a guerra teria acabado mais cedo?", indaga Kamps.

Outro mito popular é que as bombas encerraram a Segunda Guerra Mundial, continuou Kevin. "Mas não, a ameaça da invasão militar da União Soviética pôs fim à Segunda Guerra Mundial. Os japoneses estavam sendo bombardeados pelos americanos há meses, sustentando, assim, a teoria de que bombardeamentos nucleares eram testes, já que [os norte-americanos] preservaram algumas cidades do uso das bombas, querendo ver todos os efeitos possíveis. Por isso, Hiroshima foi preservada para isso", salientou.

Mas coisas estranhas relacionadas ao bombardeamento contra Nagasaki não param por aí. Vale destacar que ela correspondia à cidade cristã mais importante do Japão. E quando o bombardeiro lançou a bomba, os tripulantes receberam a benção de um padre cristão.

Segundo algumas avaliações, as bombas de Hiroshima e Nagasaki atingiram meio milhão de vidas, afetadas pela radiação e doenças relacionadas.

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